sábado, 23 de novembro de 2019

ANIARA

Título Original: Aniara
Diretores: Pella Kågerman & Hugo Lilja
Ano: 2018
País de Origem: Suécia
Duração: 106min
Nota: 7

Sinopse: Aniara é a história de uma das muitas naves espaciais usadas para transportar a população da Terra para o seu novo planeta natal, Marte. Mas assim como Aniara deixa a Terra em ruínas, ela colide com detritos espaciais e é retirada de seu curso. Os passageiros de Aniara lentamente percebem que nunca poderão voltar; eles continuarão em frente através de um universo vazio e frio para sempre. O vencedor do prêmio Nobel da Suécia, Harry Martinsson, escreveu Aniara em 1956.

Comentário: O filme é muito bom, a produção não fica devendo em nada para um filme de Hollywood, as atuações são competentes e a quantidade de reflexões que nos trás é assustadoramente interessantes. Como fã de Star Trek, discordo de muita coisa colocada no filme como inexorável, pois acredito que a humanidade é altamente adaptável a situações, como também duvido de que o capitão conseguisse ficar no poder por mais de dois anos, ou seja, minhas criticas ao filme são meramente narrativas e de posições, única e exclusivamente, minhas. Acho que ele poderia ter aproveitado mais pontos, mas acabou caindo demais em uma fórmula mais digerível para um público de filme comercial, senti que podia ter ousado mais. Apesar de tudo é um belo filme. A atriz principal (Emelie Jonsson) é cativante e a coadjuvante (Bianca Cruzeiro) parece ter raízes no Brasil.

domingo, 10 de novembro de 2019

UM DOCE OLHAR

Título Original: Bal
Diretor: Semih Kaplanoglu
Ano: 2010
País de Origem: Turquia
Duração: 100min
Nota: 6

Sinopse: Um Doce Olhar mostra a jornada de Yusuf, um garoto turco que está aprendendo a ler e a escrever, e que nas horas vagas ajuda o seu pai, um simples apicultor que guarda as colméias nos galhos mais altos das maiores árvores de uma misteriosa floresta. Mas quando seu pai parte em busca de descobrir porque as abelhas estão sumindo, Yusuf se prepara para viver a sua maior aventura, tentando dar algum sentido à sua vida.

Comentário: Ganhador do Urso de Ouro em Berlim, o filme é tecnicamente impecável, mas não é um filme que flui bem. E por mais que seja cheio de significado, não é um filme fácil de ser assistido. Parado, silencioso, sufocante e contemplativo. Achei o filme um pouco arrastado, pois suas características lembram muito os filmes de Nuri Bilge Ceylan, outro diretor turco, mas nos filmes de Ceylan eu não tive o problema de sentir que o filme estava se arrastando, muito pelo contrário. A falta de entrosamento dos personagens, mesmo sendo parte da narrativa, atrapalha. Bal, o título do filme em turco, significa mel.

sábado, 9 de novembro de 2019

O JORNAL - PRIMEIRA TEMPORADA

Título Original: Novine
Diretor: Dalibor Matanic
Ano: 2016
País de Origem: Croácia
Duração: 590min
Nota: 9

Sinopse: Um magnata da construção assume o controle de um jornal em dificuldades e tenta exercer influência editorial para benefício próprio.

Comentário: Que série! Dirigida e idealizada por Dalibor Matanic, diretor do filme Sol a Pino. A série demora uns dois capítulos até nos familiarizarmos com os personagens, pois são vários. É engraçado como a série brinca com o nosso ódio por alguns personagens. Até metade da temporada torcemos para ver Kardum se foder, depois vemos que existem monstros piores, não que passemos a odiá-lo menos por isso. Mas o mais legal da série, é ver como o jornalismo morreu, como é algo vendido dentro do sistema político e social, onde empresários controlam informações e utilizam a mídia para manipulação do cenário a seu benefício próprio. Uma série que precisa ser assistida pelos brasileiros, que vivem atualmente o mesmo cenário desolador de manipulação de informação. A série terminará na terceira temporada que terminou suas filmagens este mês. Das coisas ótimas escondidas no Netflix.

sábado, 2 de novembro de 2019

OLEG

Título Original: Oleg
Diretor: Juris Kursietis
Ano: 2019
País de Origem: Letônia
Duração: 108min
Nota: 7

Sinopse: Natural da Letônia, Oleg tenta fazer uma carreira real dentro da sua profissão, trabalhando em uma fábrica de carnes em Bruxelas. Por ser de outro país, ele sofre mais dificuldades que o normal para se destacar, o que eventualmente ocasiona em sua demissão. Desolado e desesperado, Oleg acaba se tornando refém da máfia local.

Comentário: O filme consegue prender muito bem, o roteiro é muito bem escrito pelo ritmo que o filme leva, pois quase todo o momento é de tensão e causa um incomodo difícil de manter por quase toda uma película, mas tanto a direção como a história conseguem este feito. A Letônia é um país ortodoxo, portanto existe referências cristãs que não pude pegar muito bem, já que não sou cristão. Uma coisa que me incomodou é que em algumas partes o filme não é muito crível, pois como já vivi como imigrante na Europa, entre imigrantes (inclusive da Letônia e da Polônia, como o filme mostra), tem cenas que são difíceis de acreditar como reais. A atuação de todo elenco é muito bem orquestrada e conseguem proporcionar cenas maravilhosas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

APENAS 6,5

Título Original: Metri Shesh Va Nim
Diretor: Saeed Roustayi
Ano: 2019
País de Origem: Irã
Duração: 132min
Nota: 10

Sinopse: Policial da força-tarefa antinarcóticos, Samad trabalha numa cidade repleta de viciados. Ele consegue prender Nasser, influente traficante das cercanias, então sentenciado à morte. Mas Samad descobre que o bandido foi, na verdade, forçado a envolver-se com a criminalidade por suas péssimas condições de vida.

Comentário: Este filme é tudo aquilo que o Coringa se propôs em fazer e falhou miseravelmente em fazê-lo. Temos todos os aspectos para fazermos um pré julgamento das condições de Nasser Khakzad, desde o fato de ser uma vítima das condições sociais, quando ao fato da soberba de gastos e destruição de vidas. O filme começa com a visão do policial, quando na metade ele deixa o protagonismo para o traficante, sem nunca cair para nenhum lado tendencioso. O filme me arrancou lágrimas. Ele é cru e direto, não faz rodeios sobre nada, cabe ao espectador juntar as partes que lhe sejam convincentes para formar uma opinião. As atuações e algumas tomadas são grandes espetáculos para todos os sentidos. Um filme que merecia muito mais holofotes, mas não é americano, né? O melhor filme que vi na Mostra de Cinema de São Paulo este ano.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

AURORA

Título Original: Aurora
Diretora: Miia Tervo
Ano: 2019
País de Origem: Finlândia
Duração: 106min
Nota: 10

Sinopse: Aurora é uma manicure solteira que adora sair e beber. O sonho dela é se mudar da Finlândia, mas a falta de dinheiro — por causa do alcoolismo e pelo fato de ter sido despejada — faz com que esse objetivo fique distante. O iraniano Darian, por sua vez, sonha em poder continuar morando na Finlândia, mas precisa do visto permanente para ele e a filha de nove anos. Uma noite, os dois se conhecem. ele quer se casar com ela, mas Aurora tem outra ideia: por três mil euros, ela o ajuda a encontrar uma esposa Finlandesa.

Comentário: Que filme lindo! Quem disse que um filme romântico precisa seguir padrões de Hollywood e ser recheado de clichês? Não que aqui não tenha seus clichês, mas cada um deles são perfeitamente encaixados para nossos corações derreterem que nem manteiga. Pelo menos o meu derreteu. A história dos personagens, a direção (delicada, sensível e frenética), as pitadas de comédia e os temas sérios que aborda fazem desta película uma das melhores que assisti neste ano. Ver a falta de tato das pessoas confundindo o personagem iraniano com árabe e achando que seu país vive em guerra fez eu entender a frustração que minha namorada (iraniana) tem sobre esses assuntos quando as pessoas fazem as mesmas coisas. E ver o problema de Aurora com o álcool, mesmo demônio que eu tive que enfrentar por anos da minha vida, fizeram este filme ter um impacto enorme em mim. O copo de cerveja no aeroporto fez meus olhos encherem de lágrimas. A atriz Mimosa Willamo é o grande trunfo do filme, entre as melhores atuações do ano para mim, mas a direção e o emprenho do ator Amir Escandari não ficam muito atrás.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

NINJA XADREZ

Título Original: Ternet Ninja
Diretores: Thorbjørn Christoffersen & Anders Matthesen
Ano: 2018
País de Origem: Dinamarca
Duração: 82min
Nota: 5

Sinopse: Alex é um jovem que cursa o oitavo ano do colégio e que precisa lidar com dramas comuns aos adolescentes: o relacionamento com o irmão postiço e o padrasto, a paixão pela colega Jessica e o bullying que sofre de Glenn na escola. Um dia, Alex ganha um presente curioso de seu tio, que viajou à Tailândia: um boneco ninja com roupa xadrez. Logo, ele descobre que o boneco está vivo, e o brinquedo o ajuda a resolver seus problemas cotidianos. mas tudo piora quando o garoto nota que o boneco, na verdade, está possuído por um espírito antigo do japão e que tem a missão tenebrosa de se vingar de Phillip Eppermint, responsável pela morte de uma criança na Tailândia.

Comentário: O filme começa muito bem e vai decaindo conforme vai chegando ao fim, não que ele não cative, mas a história vai ficando mirabolante demais sem necessidade nenhuma. Os diálogos durante os créditos são de péssimo gosto que me deixaram com um sentimento de "WTF?!?!". O começo choca, escancara o problema do trabalho infantil em regimes de escravidão que existe por todo o mundo e é explorado por países ricos, daí você pensa que o filme vai ser assim, cru, de um jeito que te pega meio de guarda baixa... mas chega ao ápice do nonsense na conversa do tio ensinando o moleque a comprar drogas ou o nerd se dando bem com a menina idiota chata pra caralho. Um filme que fica dentro da média, mas que poderia ser muito melhor, tinha um baita potencial, pelo menos.

domingo, 27 de outubro de 2019

GAROTO ENCONTRA ARMA

Título Original: Boy Meets Gun
Diretor: Joost van Hezik
Ano: 2019
País de Origem: Holanda
Duração: 86min
Nota: 8

Sinopse: Maarten sente que está levando a vida em modo automático: seu casamento é apenas suportável, seus filhos são saudáveis, seu emprego como professor em uma universidade deixou de ser desafiador. Um dia, Maarten está no mercado e o local é assaltado. De alguma forma, ele termina em posse da arma do assaltante e a leva para casa. Só o fato de ter um armamento ali dá a Maarten a coragem que ele precisa para enfrentar os problemas. Porém, viciado nesse poder, o homem logo começa a carregar o revólver com ele. Tudo piora quando o verdadeiro dono da arma o encontra.

Comentário: Uma bela comédia de humor negro de estreia do diretor que demonstra uma extraordinária competência, com um excelente elenco (o protagonista vivido pelo ator Eelco Smits merece uma menção a mais) e um bem elaborado roteiro escrito por Williem Bosch (que está mais acostumado a roteirizar séries para a TV). Quando o filme parece ir para um caminho fácil, ele nos tira da zona de conforto e vai por outro. A ideia da narrativa vir do ponto de vista da arma ajuda bastante no tom. Mas são as cenas da transformação do homem comum para algo mais que reside a verdadeira base filosófica e de ampla discussão que o filme se propõe. Ele não é apenas mais um filme qualquer de humor negro, não, ele vem como um tijolo na nossa cabeça sobre várias questões fundamentais sobre nossa sociedade, que como os estudiosos da evolução citados no filme, tenta fazer-nos refletir para onde vamos a partir daqui.

sábado, 26 de outubro de 2019

A FANTÁSTICA VIAGEM DE MARONA

Título Original: L'Extraordinaire Voyage de Marona
Diretora: Anca Damian
Ano: 2019
País de Origem: França
Duração: 92min
Nota: 9

Sinopse: Vítima de um acidente, uma cachorrinha se lembra dos diferentes tutores que amou incondicionalmente. Com sua empatia infalível, Marona trouxe leveza e inocência a cada um dos lares em que viveu.

Comentário: Que animação maravilhosa! Fiquei sem palavras, da aquele nó no coração por cada minuto que não dei atenção para meus cachorros na vida. Quase tudo no filme é perfeito, até passa a carga um pouco alta de melodrama, mas ver o mundo e a própria animação em si pelos olhos de um cachorro (ops, desculpe... uma cachorrinha maravilhosa que acaba trocando de lares devido a várias circunstâncias da vida) fez valer o meu final de semana. A estética do desenho é de encher os olhos e das coisas mais lindas que já vi no quesito animação. Provando que não precisamos só de filmes 3D produzidos pela Pixar e companhia. Os movimentos do malabarista são arte pura! Assistam!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

UMA MULHER ALTA

Título Original: Dylda
Diretor: Kantemir Balagov
Ano: 2019
País de Origem: Rússia
Duração: 136min
Nota: 7

Sinopse: Na Leningrado de 1945, Iya e Masha são duas jovens mulheres em busca de esperança e significado em meios aos destroços deixados na Rússia após a Segunda Guerra Mundial. O cerco de Leningrado, um dos mais brutais da história, chegou ao fim, mas reconstruir suas vidas permanece uma situação cercada de morte e trauma.

Comentário: Um filme estranho, ganhador do Prêmio Um Certo Olhar em Cannes em 2019. Os filmes dessa premiação costumam me agradar bastante, não que este tenha me desagradado, mas incomoda demais, acho que se prolonga demais também, falta um pouco de síntese. O clima pós-guerra, com traumas, com fantasmas, reconstrução em meio ao caos é o grande trunfo do filme e isso faz com que o prêmio seja mais do que merecido. Não consigo pensar em nenhum filme que retrate o pós-guerra tão bem assim, a narrativa abre uma ferida como um livro de Andreas Latzko. A história em si é muito boa, as atuações são bem foda, consegue te pegar no fundo da alma em sentimentos de piedade e raiva, mas o que o filme tem de melhor são os cenários e sua paleta de cores, simplesmente perfeito, parece que estamos a contemplar uma aquarela.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O CARCEREIRO

Título Original: The Warden
Diretor: Nima Javidi
Ano: 2019
País de Origem: Irã
Duração: 90min
Nota: 9

Sinopse: Em 1966, uma prisão no sul do Irã precisa ser avacuada porque um novo aeroporto está sendo construído perto dali. Jahed, o carcereiro do local, está encarregado pela transferência dos presos para uma nova penitenciária, mas ele logo é avisado que um detento sentenciado à morte desapareceu.

Comentário: Minha namorada havia assistido a este filme no Irã e havia me falado maravilhas, então era o que mais tinha interesse na 43ª Mostra de Cinema de São Paulo. O filme cumpriu o que prometia e sanou todas as minhas expectativas. Há cenas maravilhosas, as atuações estão ótimas e a história é muito bem amarrada e conduzida pelo diretor. O conflito do carcereiro pode não ter o mesmo peso para algumas pessoas, digo que essas pessoas estão bem distantes do que significa ser um ser humano. Condenar um homem que você sabe ser inocente à morte em prol da sua carreira deve ser uma das piores coisas da vida, e a cultura iraniana ainda se coloca bastante no lugar do outro, coisa que vem se perdendo gradualmente com o passar do tempo, mas ainda assim é mais forte do que a nossa sociedade ocidentalizada. Este foi o primeiro filme iraniano a utilizar algumas técnicas de filmes americanos, mas não vemos em nenhum momento a perda de identidade iraniana nele. Única coisa que me incomodou é que parece que não existe um título em farsi com o nosso alfabeto para o filme e ele foi lançado com o título original em inglês mesmo. A cena em que a fumaça do gás lacrimogênio invade o presídio é arte pura.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

CARTAS PARA PAUL MORRISSEY

Título Original: Letters to Paul Morrissey
Diretores: Armand Rovira & Saida Benzal
Ano: 2018
País de Origem: Espanha
Duração: 78min
Nota: 8

Sinopse: A narrativa é composta pelas histórias de diferentes personagens: um símbolo sexual do cinema underground, dois amantes amaldiçoados, um homem que busca salvação, uma atriz malsucedida e uma japonesa com uma misteriosa doença. embora diversas, todas essas histórias têm algo em comum, o cineasta Paul Morrissey.

Comentário: Fazia tempo que eu não via um filme com uma pegada assim no cinema, teve momentos que me lembrou o começo da carreira de David Lynch, mas com uma pegada autoral, sem ser uma cópia. O filme brinca entre ficção e realidade, já que os personagens parecem reais, mas em sua maioria não são. Tirando a pequena participação de Joe Dallesandro, todos os outros personagens não existiram na vida de Paul Morrissey, mas acabam brincando com a realidade, já que não tem como não ligar a personagem de Olena Wood com a Nico e tantas outras da Factory de Andy Warhol. Seria o escritor Udo Strauss uma contraparte de Ronald Tavel? Nada disso vem ao caso, tudo é muito metafórico, não é um filme para racionalizar em sua totalidade, é um filme mais para "sentir" emoções e sensações, do jeitinho que o Lynch gosta. A direção de Armand Rovira é detalhista e perfeita e isso vale demais o filme, as imagens em preto e branco mais as divisões de imagens sem simetria mostrando versões da mesma cena dão um toque único ao filme, na sequência da quarta carta há algumas cenas dirigidas por Saida Benzal (por isso ela também é creditada como diretora). As imagens prendem o espectador até o final dos créditos em um caleidoscópio de referências sessentistas. Apesar do filme ser uma produção espanhola, ele é falado em várias línguas diferentes.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

VIÚVA DO SILÊNCIO

Título Original: Widow of Silence
Diretor: Praveen Morchhale
Ano: 2018
País de Origem: Índia
Duração: 85min
Nota:  7

Sinopse: Na Caxemira em conflito, uma viúva muçulmana, responsável por sua filha de 11 anos e uma sogra doente, encontra-se em apuros. Incapaz de obter o atestado de óbito de seu marido desaparecido do governo, ela deve encontrar forças para superar essa situação absurda.

Comentário: O filme é lento e arrastado em alguns momentos, mas ao mesmo tempo contemplativo e cheio de detalhes que a competente direção de Morchhale segura muito bem. O filme mostra a dualidade entre a podridão do ser humano, onde um funcionário do governo se torna um monstro escancarando o quanto a humanidade é um projeto que deu errado, mas ao mesmo tempo temos a figura da enfermeira que abdica de seus ganhos pessoais para tentar dar algum conforto em um momento de desespero a colega, mostrando que talvez eu esteja errado sobre a humanidade. As imagens da Caxemira são como pinturas que me lembraram um pouco o estilo do diretor turco de Nuri Bilge Ceylan. O personagem do motorista, interpretado por Bilal Ahmad, é de longe a melhor coisa do filme. No final tudo fica um pouco kafkaniano e o desfecho é exatamente o que eu esperava, mas que se fosse de outro modo estragava o filme. Só indico para quem realmente está acostumado com este tipo de filme.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

UMA COLÔNIA

Título Original: Une Colonie
Diretora: Geneviève Dulude-De Celles
Ano: 2018
País de Origem: Canadá
Duração: 102min
Nota:  10

Sinopse: Mylia é uma garota de 12 anos que atravessa a zona cinzenta e incômoda da adolescência, constantemente se sentindo inadequada em relação aos colegas da escola. Ela encontra dificuldades no processo de construir sua própria identidade, até que conhece Jimmy, um jovem audacioso que mora em uma reserva vizinha e a encoraja a sair de sua zona de conforto em direção a experiências extraordinárias.

Comentário: Filme vencedor do Urso de Cristal no Festival de Berlin de 2019 e que me tocou profundamente. A diretora é minimalista e já havia ganho dois prêmios pelo seu curta metragem O Corte no Festival de Sundance em 2014. A película é de encher os olhos e fez eu voltar no tempo na minha época de adolescência, mas diferente de todas as minhas outras visitas a este meu passado remoto, desta vez não foi tão ruim. Assim como Mylia, eu nunca me encaixei, assim como ela, eu participava de festas para assistir aos outros se divertirem enquanto eu me perguntava o que diabos eu estava fazendo ali. As metáforas utilizadas para o filme são simplesmente espetaculares, o desfecho é brilhante e fez com que pela primeira vez na minha vida eu agradecesse por ser quem eu sou. O filme teve um enorme impacto em mim, ao sair da sala ouvi uma senhora dizendo que o filme glamorizava a adolescência (coitada!), não entendeu ao filme, porque ele faz exatamente o oposto. Ao longo da minha vida, vi pessoas tão "esquisitas" como eu cair no padrão do mundo comum, se entregar a massa, tentar se encaixar... eu continuo sendo o esquisito e depois desse filme eu agradeço cada segundo da minha história até aqui. Obrigado à diretora, vou continuar pintando fora das linhas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

PARASITA

Título Original: Gisaengchung
Diretor: Joon-ho Bong
Ano: 2019
País de Origem: Coréia do Sul
Duração: 132min
Nota:  10

Sinopse: Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.

Comentário: Grande ganhador da Palma de Ouro do ano de 2019, o filme é excelente. O que impressiona é a leveza com que ele consegue passar de uma quase comédia na sua primeira hora para um suspense que me fez roer as unhas de nervoso para o seu final, mas servindo para criticar de maneira sublime os problemas gerados pela diferença de classe no mundo capitalista globalizado. O filme nos induz a torcer para os vilões? Será que os vilões não são os outros? Ou será que não existem vilões e são todos vítimas de suas classes sociais de uma sociedade falida? A direção e o roteira são sintonizados em uma cadência de eventos que fazem com que o telespectador fique extremamente imerso no filme. A cereja no bolo é o diálogo do pai com o filho onde ele divaga sobre "fazer planos" e como tudo isso se conecta o final, que para meio entendedor, é desesperador.

sábado, 21 de setembro de 2019

ROTA IRLANDESA

Título Original: Route Irish
Diretor: Ken Loach
Ano: 2010
País de Origem: Inglaterra
Duração: 108min
Nota:  8

Sinopse: Após se aposentar das forças especiais do Reino Unido em 2004, Fergus vai trabalhar em uma firma de segurança privada no Iraque, uma das atividades mais lucrativas do mundo. Ele convence seu amigo de infância Frankie, ex paraquedista, a entrar com ele no negócio. De volta à sua cidade, Liverpool, recebe a notícia de que Frankie morreu na Rota Irlandesa, estrada iraquiana considerada a mais perigosa do mundo. Ao lado da mulher do amigo, Rachel, Fergus investiga o ocorrido, descobrindo verdades que desafiam a memória dos dias felizes que passaram juntos.

Comentário: Mais um dos filmes denúncias do Loach, onde podemos entender como funciona grandes companhias que lucram com guerras e países destruídos com ela. Onde a ganância vale muito mais do que vidas humanas e os poderosos são quase sempre homens intocáveis por leis e sistemas políticos corruptos. O filme não tem nada haver com a Irlanda, já que a Rota Irlandesa do título é uma estrada no Iraque. Os atores estão muito convincentes e Loach demonstra de uma maneira muito competente seu estilo de cinema contra-sistema. Alguns momentos o filme parece arrastado, com uma carga psicológica altíssima, mas o que realmente não gostei foi do desfecho simplista que o roteiro escolhe seguir para alguns personagens. Com um final um pouco mais elaborado o filme ficava perfeito.

domingo, 8 de setembro de 2019

CÓPIA FIEL

Título Original: Copie Conforme
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 2010
País de Origem: França
Duração: 106min
Nota:  9

Sinopse: Essa é a história do encontro entre um homem e uma mulher, em um pequeno vilarejo ao sudoeste de Toscana. O homem, um escritor britânico que acabara de dar uma palestra em uma conferência. A mulher, francesa, dona de uma galeria de arte. Essa é uma história comum. Poderia acontecer com qualquer um. Em qualquer lugar.

Comentário: Filme que deu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes para Juliette Binoche, e que interpretação de tirar o fôlego. O filme é uma espécie de Antes do Por do Sol amadurecido, onde a carga filosófica brinca com a maneira que vemos o filme: o casal se conhece ou não se conhece? Depende do ponto de vista do telespectador. William Shimell, um cantor de ópera que estava inseguro em aceitar o papel, atua muito bem e seu personagem chegou a me dar ranço em alguns momentos, mas que faz sentido se vermos o filme sobre a ótica do telespectador que está enxergando o filme da outra forma. A direção do iraniano, Kiarostami, é maravilhosa e nos maravilha com pitadas da cultura persa com um poema. O filme se passa na Itália, mas é mais uma produção francesa do que italiana, por isso cadastrei como um filme francês no blog. Desses filmes que mostra que não precisa ser raso para ser gostoso de assistir.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

TEMPO DE EMBEBEDAR CAVALOS

Título Original: Zamani Barayé Masti Asbha
Diretor: Bahman Ghobadi
Ano: 2000
País de Origem: Irã
Duração: 75min
Nota:  10

Sinopse: Cinco crianças órfãs vivem em uma vila bem remota, na fronteira entre o Irã e o Iraque. Ayoub e sua irmã Ameneh trabalham em um bazar e cuidam de Madi, irmão caçula, que necessita com urgência de uma cirurgia.

Comentário: Pensa em um filme de quebrar o coração, agora multiplica por infinito. Primeiro filme do Ghobadi, que era assistente de Abbas Kiarostami, gigante-mor do cinema iraniano. O filme ganhou o Câmera de Ouro em Cannes e é de difícil digestão, pois ao mesmo tempo que é um murro bem dado na sua cara, fica a questão ética de como ele foi feito, pois é cru e cruel, temos cavalos sendo tratados como na realidade, também temos um deficiente físico sendo colocado em situações difíceis e sabemos que o cinema iraniano não é feito de maneira pomposa como nos Estados Unidos. Minha análise então vai ser do filme, imparcial, como um Capitão Picard respeitando a Primeira Diretriz. O filme é capaz de amolecer o coração mais duro, ver crianças em situações como esta e sabendo que é algo extremamente real e até comum nesse mundão aí fora é de acabar com qualquer um, os atores (que foram selecionadas entre pessoas comuns) dão um show de realidade, nos apegamos a todos os personagens e suas dores. O filme acabou e eu não acreditava no que eu tinha assistido. Um filme controverso, mas com certeza um dos mais importantes de toda a história do cinema.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O VERÃO DOS PEIXES-VOADORES

Título Original: El Verano de los Peces Voladores
Diretora: Marcela Said
Ano: 2013
País de Origem: Chile
Duração: 95min
Nota:  8

Sinopse: Manena é uma adolescente determinada, filha de Pancho, um rico fazendeiro chileno que dedica suas férias a uma obsessão: exterminar as carpas que invadem seu lago. No decorrer do verão, enquanto ele recorre a métodos cada vez mais extremos, Manena sofre com sua primeira decepção amorosa e descobre um mundo que coexiste silenciosamente com o seu – o dos trabalhadores indígenas Mapuche que reivindicam acesso às terras e enfrentam seu pai.

Comentário: Eu gostei muito do filme e me senti hipnotizado com a maneira com que a diretora colocou todas as discussões de maneira sutil, quase nas entrelinhas do que está acontecendo. A classe média rica do Chile é um retrato da do Brasil, e porque não do mundo? Os diálogos toscos do seu pai, o impacto disso na personagem conforme ela vai entendendo o cenário sociopolítico em que ela está inserida é de encher os olhos. As imagens da natureza são sublimes, o conflito interno de Manena também, ela tem que lidar com seus sentimentos românticos ao mesmo tempo que entende sobre o mundo em que vive. O ritmo do filme não é para qualquer um, pode parecer entrecortado demais, vazio demais, estranho demais... mas é meu tipo de filme. PS: Atenção para o diálogo de Pancho com o policial onde brota todo egocentrismo da elite escrota e também uma menção a atuação da Francisca Walker que é uma gracinha.

sábado, 24 de agosto de 2019

FELIZ COMO LÁZARO

Título Original: Lazzaro Felice
Diretora: Alice Rohrwacher
Ano: 2018
País de Origem: Itália
Duração: 127min
Nota:  7

Sinopse: Lázaro era um jovem satisfeito com a vida simples do campo, mas a amizade inesperada com o filho de uma marquesa acaba mudando totalmente o rumo de sua história.

Comentário: O filme ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes, mas ainda prefiro ao filme anterior da diretora (As Maravilhas). O filme tem vários pontos que funcionam muito bem, a referência bíblica de Lázaro misturado a uma fábula italiana como só Italo Calvino sabia escrever casam muito bem, a crítica ferrenha ao capitalismo e a várias características da cultura italiana também só acrescentam qualidade ao filme. O ponto negativo ao filme, na minha opinião, é exatamente ao personagem principal, por ele ser um tremendo idiota, fica difícil uma conexão com ele, que representa a ignorância do explorado, mais conhecido no Brasil como o "pobre de direita": Lázaro é aquele cara que é explorado, fazem de idiota, mas está sempre defendendo o patrão. Achei também que o filme tem uma duração grande para a história que se propõe a contar, mas nada que tire o impacto da direção tão competente e extraordinária da Alice Rohrwacher.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

GAROTA

Título Original: Girl
Diretor: Lukas Dhont
Ano: 2018
País de Origem: Bélgica
Duração: 106min
Nota:  9

Sinopse: Aos 15 anos, a bailarina Lara enfrenta barreiras físicas e emocionais enquanto se prepara para a cirurgia de confirmação de gênero. Inspirado em uma história real.

Comentário: Vencedor do prêmio Câmera de Ouro e de melhor ator no prêmio Um Certo Olhar em Cannes e indicado para melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro, este filme dividiu opiniões dentro da comunidade LGBT. Eu vou entrar de cabeça na defesa do filme. O filme é tenso, consegue ser tenso até nas cenas de dança, o trabalho empático de nos colocar na pele de uma garota trans de 15 anos é feito de maneira sublime. Uma parte da comunidade LGBT criticou o filme por ter sido dirigido e atuado por cisgêneros, fato que fez com que Nora Monsecour (a mulher em que o filme é baseado) vir em defesa do filme: “Quem está criticando Girl está impedindo que outras histórias trans sejam compartilhadas com o mundo. Todos os dias em que vejo pessoas trans lutando por seus sonhos. Eles não são fracos e frágeis e Girl conta uma história sem mentiras. Dizer que a experiência de Lara [a personagem do longa], não é valida por termos um ator cis ou por ter sido dirigida por Lukas [Dhont, o diretor], acaba me ofendendo”. Acho esse tipo de atitude muito parecida com os evangélicos, que vivem fechados em suas igrejas convivendo com evangélicos e fazendo coisas de evangélicos, tenho um livro publicado onde o assunto LGBT é muito forte, eu não devia ter escrito este livro por ser cis? O ator faz um trabalho magnífico e sua escolha faz todo o sentido, já que o ator Victor Polster é um bailarino. A gente fica pensando em tantas pessoas trans por aí, sofrendo horrores, se para Lara que tem um pai de ouro e vive um inferno, imagina para tantos outros que sofrem o pesadelo de viverem em um corpo que não se identificam e ainda são abandonados pela família. Levantar a bandeira LGBT não é uma luta só de quem é, levantar essa bandeira é um dever empático de ser humano. PS: Traduzi o título porque tenho horror a título em "ingrêis".

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA

Título Original: Bir Zamanlar Anadolu'da
Diretor: Nuri Bilge Ceylan
Ano: 2011
País de Origem: Turquia
Duração: 151min
Nota:  9

Sinopse: Nas planícies da Anatólia, na Turquia, um grupo composto de um policial, um médico legista e um advogado conduz dois prisioneiros em busca do local onde enterraram sua vítima. Já é tarde da noite e, em meio à escuridão, eles não conseguem mais encontrar o local exato onde foi colocado o cadáver. Entre as divagações e os deslocamentos, o advogado e o médico começam a se conhecer melhor, percebendo que eles têm pontos de vista muito diferentes sobre a vida.

Comentário: Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2011. Nuri Bilge Ceylan, para mim, é um dos maiores diretores da atualidade e o filme posterior a este, Sono de Inveno, é um dos melhores filmes dos últimos dez anos. Era uma Vez na Anatólia é uma bela surpresa, sua história simples e reflexiva demonstra todo o poder de uma excelente narrativa, sem necessidade de nada muito mirabolante. A fotografia é belíssima e os personagens são profundos, são praticamente duas horas onde a única coisa que acontece é a busca por um corpo na estrada entre vilarejos, mas onde várias outras sub-histórias começam a acontecer entre diálogos. Achei que o filme perde um pouco a força em sua meio hora final, quando ele sai do elemento construído até ali, mas nada que estrague sua narrativa. Não achei o filme cansativo e nem arrastado, muito pelo contrário, me senti preso a ele. Gostei muito do personagem do Comissário Naci, com seu jeito explosivo e se sentindo constrangido a todo momento. O embate entre a fé do promotor contra o ceticismo do médico rende a verdadeira grande história do filme. Um filme difícil de descrever, inovador e de uma sensibilidade ímpar.

sábado, 10 de agosto de 2019

UM HOMEM QUE GRITA

Título Original: Un Homme Qui Crie
Diretor: Mahamet-Saleh Haroun
Ano: 2010
País de Origem: Chade
Duração: 91min
Nota:  5

Sinopse: Adam (Youssouf Djaoro) tem 60 anos de idade, é ex-campeão de natação, e há 30 anos trabalha com guardião de piscina de um hotel de luxo situado no Chade, na África. Contudo, investidores compram o estabelecimento e ele se vê obrigado a ceder sua vaga para seu filho Abdel (Diouc Koma), situação que o incomoda bastante por ver nela um declínio social. Além de estar diante deste conflito pessoal, seu país passa por uma guerra civil, com rebeldes ameaçando o governo. Neste contexto, Adam precisa ajudar o governo com dinheiro ou enviando seu filho para que lute pelo país. Assim, o líder do bairro pede que Adam dê sua contribuição, mas ele não tem dinheiro, só tem o filho.

Comentário: O vencedor do Prêmio do Juri em Cannes não me fisgou tanto. O filme é interessante em muitos aspectos, como mostrar a recente situação do Chade, adorei muito o personagem David, o cozinheiro, e algumas cenas lindíssimas, mas como disse, faltou algo. Todos os personagens são muito interessantes, mas nenhum coadjuvante é realmente muito trabalhado, a namorada grávida, a mãe, ou até mesmo o cozinheiro que disse acima. O filme é cheio de silêncios reflexivos, acho que faltou o grito do título. O personagem principal, que é muito bem retratado, ao meu ver não passa de um velho mesquinho e infantil, pois seus motivos para enviar o filho para a guerra não me pareceu em nenhum momento falta de dinheiro como diz a sinopse. Acho que o filme se perde entre as entrelinhas silenciosas, entre a falta de um grito que fizesse com que a história tivesse um clímax que nunca chega. Um filme regular.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

SOL A PINO

Título Original: Zvizdan
Diretor: Dalibor Matanic
Ano: 2015
País de Origem: Croácia
Duração: 118min
Nota:  10

Sinopse: Dois vilarejos e três décadas marcadas por uma longa história de ódio e hostilidade étnica. No contexto das guerras que redefiniram a ex-Iugoslávia, o longa revela as cicatrizes deixadas por este período através de três comoventes histórias de amor. Em 1991, uma atmosfera de loucura e medo torna a paixão algo proibido. Em 2001, tendo como pano de fundo os primeiros momentos pós-guerra, as feridas ainda estão abertas e muitos são incapazes de amar. Em 2011, o amor pode enfim criar raízes e se libertar das dores do passado.

Comentário: Outro vencedor do prêmio Um Certo Olhar em Cannes por aqui. Achei o filme simplesmente maravilhoso, em todos os aspectos. Eu dava o prêmio de melhor atriz fácil para a Tihana Lazovic, uma interpretação de encher os olhos. O legal do filme é que as três histórias te pega de maneira completamente diferente, o tipo de amor dos personagens são também completamente diferentes, mas o pano de fundo, retratando os problemas étnicos envolvendo os sérvios e croatas, é o fator comum entre as histórias. É muito fácil não se envolver no filme se ignorarmos o contexto histórico em que as histórias se passam e o fardo que essa guerra horrível tem nesse povo. A direção é maravilhosa. Entendo que pode não ser o tipo de filme que a maioria está acostumada, mas definitivamente é o tipo de filme que eu gosto. Fiquei pensando no futuro dos personagens apresentados, em como cada ato impactou em suas vidas a partir de cada desfecho. Não consigo também dizer qual história é a minha preferida, pois cada uma teve algo que me fisgou.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

HAHAHA

Título Original: Hahaha
Diretor: Hong Sang-soo
Ano: 2010
País de Origem: Coréia do Sul
Duração: 115min
Nota:  8

Sinopse: JO Munkyung, diretor, pensa sair de Seul para viver no Canadá. Dias antes da sua partida, encontra o seu grande amigo Bang Jungshik, crítico de cinema. Neste encontro, os dois amigos descobrem por acaso que foram recentemente à mesma vila litorânea, Ton-yung. Decidem contar um ao outro a viagem que fizeram, na condição de só revelarem momentos agradáveis. Não percebendo que estiveram os dois no mesmo lugar ao mesmo tempo, ao lado das mesmas pessoas, as reminiscências do verão tórrido dos dois amigos envolvem-se como um catálogo de recordações.

Comentário: O filme é muito bem escrito e faturou o prêmio Um Certo Olhar em Cannes, apesar de alternar em histórias curtas entre os dois personagens, ele parece ser mais longo do que realmente é, mas não é um filme parado. A ideia da narrativa é o grande diferencial e é muito fácil se apaixonar por alguns personagens, não todos. Atuações ótimas onde a narrativa é sobre o cotidiano da vida real, onde comédia, drama, amores e tristezas se mesclam de uma maneira como poucos diretores conseguem colocar na tela, pode ser exagero, mas em alguns momentos até me lembrou o François Truffaut, mas não acho que seja exagero não. O desfecho de alguns personagens me desagradou, como de alguns outros me agradou, mas acho que a vida é assim, né? Cheia de erros, escolhas erradas, falta de desfechos e, em alguns casos (porque não?), finais felizes também. Recomendadíssimo!

domingo, 28 de julho de 2019

HOMENS E DEUSES

Título Original: Des Hommes et Des Dieux
Diretor: Xavier Beauvois
Ano: 2010
País de Origem: França
Duração: 117min
Nota:  8

Sinopse: Em um mosteiro encravado nas montanhas do Norte de África, na década de 1990, oito monges franceses vivem em harmonia com seus irmãos muçulmanos. Quando uma equipe de trabalhadores estrangeiros é massacrada por um grupo islâmico, o terror instaura-se na região.

Comentário: Vencedor do Grande Prêmio do Juri em Cannes e do Cesar de melhor filme, entre outros. Algumas pessoas reclamam que o filme é lento, mas eu achei que é exatamente esta lentidão que dá o clima de tensão ao filme. O clima de guerra eminente vai crescendo conforme o filme vai passando, há cenas belíssimas como a ceia tocando Tchaikovsky ou o conflito de perda de fé do padre Christophe (Olivier Rabourdin). A única coisa que o filme peca é na falta de desenvolvimento individual dos personagens, alguns padres ficam em segundo plano e são subaproveitados, como o padre Jean-Pierre (Loïc Pichon), que era o mais enfático sobre a permanência deles no mosteiro. O filme dá mais ênfase ao clima do que as pessoas, mas acho que podia ter sido melhor balanceado aproveitando as duas coisas. O padre Amédée (Jacques Herlin) é de uma simpatia que dá vontade de abraçar. Uma história real que nos trás o pior sobre a Guerra, sem deixar de alfinetar a própria França e seu processo de colonização da Argélia, grande responsável por tudo de ruim que aconteceu ao país em questão.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

OUTUBRO

Título Original: Octubre
Diretores: Daniel Vega Vidal & Diego Vega Vidal
Ano: 2010
País de Origem: Peru
Duração: 83min
Nota:  7

Sinopse: Clemente é um penhorista pouco comunicativo e a nova esperança amorosa de Sofia, vizinha solteira, devota em outubro ao culto do Senhor dos Milagres. A relação deles começa quando Clemente descobre uma menina recém-nascida, fruto da sua relação com uma prostituta que desapareceu. Enquanto Clemente procura a mãe da pequenina, Sofia ocupa-se dela e de fazer a limpeza na casa do penhorista. Com a chegada destes dois seres na sua vida, Clemente terá ocasião de repensar às suas relações com os outros.

Comentário: Como categorizar este filme? Acho que "cru" é a palavra certa. O filme é de uma crueza como nunca tinha visto no cinema antes, talvez isto já faça com que mereça o prêmio Um Certo Olhar que faturou em Cannes. O personagem de Clemente é mesquinho, tosco, antissocial, mas ao mesmo tempo parece transmitir aquele sentimento "Cara, eu te entendo!". A desglamourização da prostituição, o retrato cruel da solidão, o choro irritante do bebê: tudo contribuí para a caracterização do que os diretores querem passar. Os detalhes pequenos que significam muita coisa no filme são facilmente despercebidos por um telespectador desatento. Tudo no filme incomoda, talvez por isso ele pareça ser mais longo do que realmente é, mas ele trás a essência de todo o ser humano, que é a mesma de uma maçaneta quebrada retratada no filme: ninguém permanece o mesmo para sempre.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

AS FACES DE TONI ERDMANN

Título Original: Toni Erdmann
Diretora: Maren Ade
Ano: 2016
País de Origem: Alemanha
Duração: 162min
Nota:  8

Sinopse: Winfried (Peter Simonischek) é um senhor que gosta de levar a vida com bom humor, fazendo brincadeiras que proporcionem o riso nas pessoas. Seu jeito extrovertido fez com que se afastasse de sua filha, Ines (Sandra Hüller), sempre sisuda e extremamente dedicada ao trabalho. Percebendo o afastameto, Winfried decide visitar a filha na cidade em que ela mora, Bucareste. A iniciativa não dá certo, resultando em vários enfrentamentos entre pai e filha, o que faz com que ele volte para casa. Tempos depois, Winfried ressurge na vida de Ines sob o alter-ego de Toni Erdmann, especialista em contar mentiras a todos que ela conhece.

Comentário: Definitivamente não é um filme fácil e nem para qualquer um, foi indicado para melhor filme estrangeiro no Oscar, Globo de Ouro e no César, concorreu à Palma de Ouro e saiu de Cannes com o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema, faturou ainda cinco prêmios no European Film Awards (melhor ator, atriz, diretor, roteiro e filme). O filme é longo e em alguns momentos arrastado, com um ritmo bem longe do que o grande público está acostumado, no meio parece não ir para lugar nenhum e não julgo quem desistiu da película ali, mas na hora final ele cresce assustadoramente tendo um belíssimo ápice. Os momentos finais do filme me lembrou Magnólia, não porque existe uma chuva de sapos, mas porque há uma quebra de tudo que foi estabelecido até ali, a diretora apostou suas fichas em um final que muita gente deve ter ficado sem entender direito, mas que contém toda a essência do que realmente é o filme. O trabalho de construção dos personagens é perfeito e o efeito transitório do telespectador entre "Que mulher chata e carrancuda" e "Que velho sem noção e insuportável" brinca com características básicas da vida cotidiana de todo mundo. Um filme que fica maturando na cabeça e que deve trazer novos significados cada vez que revisitamos ele.

terça-feira, 23 de julho de 2019

CORPO E ALMA

Título Original: Testről és Lélekről
Diretora: Ildikó Enyedi
Ano: 2017
País de Origem: Hungria
Duração: 116min
Nota:  10

Sinopse: Mária trabalha há pouco tempo em um abatedouro, onde é responsável pelo controle de qualidade. No almoço na cantina, a jovem sempre escolhe uma mesa isolada onde fica em silêncio. Ela leva seu trabalho a sério e segue estritamente as regras. Seu chefe, Endre, é um pouco mais velho que ela e também é do tipo silencioso. Aos poucos, eles começam a se conhecer, reconhecer seu parentesco espiritual, e ficam impressionados ao descobrir que têm os mesmos sonhos durante a noite.

Comentário: O que dizer deste filme? Não é pra qualquer um, mas entrou na lista dos meus preferidos e com certeza foi o melhor filme que assisti nos últimos anos. A interpretação de Alexandra Borbély é simplesmente digna de qualquer premiação e vencedora do European Film Awards como melhor atriz. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, fui assistir sem saber que o cenário era um matadouro, justo neste momento que estou virando vegetariano e não como carne há mais de dois meses, pareceu coisa de destino ver as cenas viscerais para firmar minha posição de parar de vez de me alimentar de animais. O filme choca exatamente por isto, tem cenas belíssimas, como no mundo dos sonhos dos personagens, cenas frias e de extrema solidão quando retrata a vida dos personagens e cruas e chocantes quando retrata ações e o matadouro... assim como a vida real. O filme é cheio de metáforas, são personagens completamente quebrados por traumas do mundo exterior como diz a música de Laura Marling que serve como tema no filme, a gente fica pensando como tem gente sofrendo por aí e como a gente não faz a mínima ideia do que essas pessoas passam. A personagem principal é uma gracinha, dá vontade de pegar na mão e tentar dizer que vai ficar tudo bem, mesmo não sendo verdade, ela tem que descobrir um novo mundo que talvez sua psique não esteja preparada para enfrentar, não que ela tenha muita escolha. O personagem masculino interpretado por Géza Morcsányi é mais masculinizado, que apesar de ter seu lado quebrado também, parece estar mais preocupado em fazer sexo do que entender realmente quem é a mulher por quem está se apaixonando. É a vida em um filme, vida de pessoas quebradas e perdidas, que me fez chorar, me chocar, me apaixonar como poucos filmes conseguem fazer.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

MULHER MOLHADA AO VENTO

Título Original: Kaze ni Nureta Onna
Diretor: Akihiko Shiota
Ano: 2016
País de Origem: Japão
Duração: 78min
Nota:  6

Sinopse: Kosuke foi, por um bom tempo, um prolífico dramaturgo, mas preferiu abandonar seu antigo trabalho na cidade e viver uma vida tranquila nas montanhas. Shiori tem um trabalho aparentemente inofensivo como garçonete em um café, mas usa seu corpo atraente para manipular seu chefe. Basta um encontro casual no meio da tarde para que Shiori, com seu inesgotável desejo sexual, entre na vida de Kosuke. Ela se envolve fisicamente com pessoas ao redor do escritor até torná-lo sua nova presa.

Comentário: Este filme faz parte de um projeto de cinco filmes para homenagear o estilo "pornochanchada japonês" (Conhecido como Roman Porno ou Pinku Eiga). Os diretores trabalharam sob as mesmas condições: orçamento, uma semana de gravações, duração do filme, títulos e datas de estreias pré estabelecidas. O filme tem alguns pontos legais, deu para dar umas risadas, mas no geral é mais ou menos. Yuki Mamiya no papel de Shiori é o grande ponto alto do filme, a atriz leva o filme nas costas com sua beleza, talento e charme. A cena final de sexo é ótima e vale a pena ser vista, de resto o filme serve como entretenimento, com belas tomadas de fotografia e uma história fraca como toda boa pornochanchada brasileira.

sábado, 20 de julho de 2019

RETOQUE

Título Original: Rutuš
Diretor: Kaveh Mazaheri
Ano: 2017
País de Origem: Irã
Duração 20min
Nota:  9

Sinopse: Uma dona de casa iraniana consegue de maneira diferente ficar livre da repressão imposta pelo patriarcado do país.

Comentário: Um curta/média metragem que não precisa de muito tempo pra contar o que quer, muito bem construído e com uma história simples, consegue mostrar dilemas morais e trazer a tona discussões muito pertinentes sobre machismo e opressão com o silêncio. O filme tem poucos diálogos, as atuações são muito boas e o final tem um gosto doce e amargo ao mesmo tempo. Quase me deu uma pontinha de medo da minha namorada (hahahahahahaha).

segunda-feira, 8 de julho de 2019

GUERRA FRIA

Título Original: Zimna Wojna
Diretor: Pawel Pawlikowski
Ano: 2018
País de Origem: Polônia
Duração: 88min
Nota: 9

Sinopse: Durante a Guerra Fria entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 50, um músico amante da liberdade e uma jovem cantora com histórias e temperamentos completamente diferentes vivem um amor impossível.

Comentário: Filme indicado a três Oscars e vencedor do prêmio de melhor diretor em Cannes, se o Oscar fosse uma premiação seria daria pelo menos o prêmio de melhor fotografia para ele. Que filme maravilhoso, só não digeri muito bem o final, mas de resto é uma obra prima perfeita. Joanna Kulig está estonteante e mostra que baita atriz ela é. Os cortes secos, criticado por muitos, funciona perfeitamente para quebrar o tempo e cai como uma luva nos saltos temporais que o filme dá a todo momento. A química entre os personagens, a maneira que o telespectador torce por eles só demonstra a maestria do roteiro de Pawlikowski, teve momentos que me vi no filme, pois tive um relacionamento parecido, o que fez do filme algo pessoal para mim. Achei melhor que Ida, filme anterior do diretor, que vem crescendo muito e tomando o lugar de Wajda na Polônia, provando que o cinema polonês ainda é bastante relevante e de uma qualidade única.

domingo, 30 de junho de 2019

UM CONTRATEMPO

Título Original: Contratiempo
Diretor: Oriol Paulo
Ano: 2016
País de Origem: Espanha
Duração: 106min
Nota: 9

Sinopse: Tudo está indo muito bem na vida de Adrián Doria: seu negócio é um sucesso, sua família é linda e sua amante Laura não tem problemas com o fato de manterem seu caso em segredo. Até o dia em que ele desperta num quarto de hotel, depois de ser atingido na cabeça, e encontra Laura morta no banheiro. Como o quarto está trancado por dentro, sem nenhuma maneira de entrar ou sair, ele é imediatamente acusado pelo crime, mas recorre à melhor advogada de defesa da Espanha, Virginia Goodman, para tentar reconstruir o que realmente aconteceu. É quando Doria confessa uma história terrível envolvendo um acidente e a morte de um inocente.

Comentários: O filme faz uso excessivo de "plot twist"? Sim, ele faz! Isso faz com que seja ruim ou perca a força? Não, em nenhum momento. A história é muito bem amarrada, consegue prender o telespectador e brincar com as situações que cria de maneira muito bem elaborada. Alguns podem dizer que ele chega a plagiar o filme Os Suspeitos em alguns momentos, mas acho um argumento completamente desnecessário. O filme é ótimo, serve de maneira perfeita a proposta que cria. O final é surpreendente, mas consegue manter a mesma surpresa ao longo de todo o filme. Poucos filmes conseguem fazer o que este faz de maneira convincente e de forma tão natural. Recomendo!

domingo, 28 de abril de 2019

QUE HORAS SÃO NO SEU MUNDO?

Título Original: Dar Donya ye to Saat Chand Ast?
Diretor: Safi Yazdanian
Ano: 2014
País de Origem: Irã
Duração: 96min
Nota: 8

Sinopse: De uma hora pra outra, Goli decide regressar ao Irã, depois de 20 anos vivendo na França. Ao pousar em Rasht, sua cidade natal, ela é recebida por Farhad, um fabricante de molduras. Ele parece conhecê-la muito bem, mas Goli não tem absolutamente nenhuma lembrança dele.

Comentário: Um filme que precisa de uma maturação depois de assistir, e ainda assim muitas pessoas talvez não consigam digerir tão bem pelo choque cultural envolvido. Um filme com muitos valores, costumes e detalhes que são completamente despercebidos para nós, do ocidente, onde o amor é retratado de uma forma que não estamos habituados. Muitos podem caracterizar Farhad como um louco, stalker ou obcecado, quando na verdade nos é apresentado um amor de uma forma pura de difícil compreensão para o grande público deste lado do globo. Leila Hatami está excelente como sempre e a direção e a narrativa de Safi Yazdanian estão soberbas para o seu filme de estréia, mas é Ali Mosaffa, no papel do enigmático Farhad, que carrega o filme nas costas fazendo com que não saibamos lidar com ele. O trabalho sobre memória e identidade de toda uma cultura que vê seus filhos terem que abandonar um país, que vive momentos difíceis desde a revolução de 1979, para tentar a sorte no exterior, que tendo sucesso ou não, nunca é fácil.

sábado, 27 de abril de 2019

PRIMER

Título Original: Primer
Diretor: Shane Carruth
Ano: 2004
País de Origem: EUA
Duração: 77min
Nota: 9

Sinopse: Aaron (Shane Carruth) e Abe (David Sullivan) são dois jovens engenheiros que realizam experiências científicas em uma garagem. O projeto mais recente em que estão trabalhando é um dispositivo que reduz o peso de um objeto em seu interior, ao bloquear a força da gravidade. A experiência faz com que a dupla realize uma descoberta que pode fazer com que tenha tudo o que quiser.

Comentário: Eu disse que apareceria algum filme americano por aqui, quando este saísse da curva de filme hollywoodiano comercial e este é digno de ser o primeiro a ser comentado. Talvez o melhor filme de viagem no tempo já feito, seu único defeito é algumas partes do ritmo, tirando isso o filme é perfeito. Shane Carruth é um gênio, prefiro o seu segundo filme, mas este não deixa nada a desejar. Um roteiro brilhante, atuações excelentes e uma história que deixa o telespectador perdido, procurando por respostas. Assisti vários vídeos no Youtube explicando o filme e tenho que concordar que é um filme para se assistir no mínimo três vezes. Uma ficção científica completamente diferente de tudo o que você já viu.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

ÁRVORE DE SANGUE

Título Original: El Árbol de la Sangre
Diretor: Julio Medem
Ano: 2019
País de Origem: Espanha
Duração: 135min
Nota: 9

Sinopse: Um jovem casal desvenda segredos sombrios de seus ancestrais ao escrever a história em comum das famílias de ambos. E um dos dois precisa fazer uma confissão dolorosa.

Comentário: O filme lembra bastante a construção de um romance de Gabriel García Márquez, com várias mudanças de tempo e vários personagens que se interligam. Julio Medem mantém uma direção soberba, mas não achei tão bom quanto o filme Os Amantes do Círculo Polar. Em alguns momentos o filme acaba caindo em um dramalhão ou em cenas de sexo vazias, tirando isso o filme é perfeito. Conseguiu me emocionar e conseguiu transmitir aquilo que queria para mim. O desfecho, ao contrário do que muitas pessoas comentaram, eu achei perfeito, como na vida real, não trás soluções fáceis ou mastigadas, mas sim compreensão ou aceitação de que não temos 100% de respostas e resoluções para tudo. Um ótimo filme perdido pelo catálogo do Netflix.