segunda-feira, 25 de maio de 2020

DEPOIS DA VIDA

Título Original: Wandafuru Raifu
Diretor: Hirokazu Koreeda
Ano: 1998
País de Origem: Japão
Duração: 119min
Nota: 8

Sinopse: Aclamado por crítica e público em todo o mundo, Depois da Vida é um filme original e tocante sobre a vida após a morte. A direção é do renomado cineasta japonês Kirokazu Kore-eda. Num local, entre o Céu e a Terra, pessoas que acabaram de morrer são apresentadas aos seus guias espirituais. Durante os três dias seguintes, eles auxiliam os mortos a vasculhar suas memórias em busca de um momento inesquecível de suas vidas. O momento escolhido será recriado num filme, que será uma espécie de lembrança a ser levada para o paraíso.

Comentário: Um filme com uma ideia bem original, para não dizer louca, mas que consegue nos envolver com diferentes sentimentos. Não achei um filme profundo e cheio de existencialismo, ele é leve, consegue tratar de diferentes assuntos como amor, morte, solidão, nostalgia, e tantas outras coisas de uma forma tranquila, sem cair no melodrama. Koreeda ainda estava no começo da carreira, mas já demonstrava para que veio, a competência técnica e a delicadeza intelectual são os ingredientes principais deste que é um excelente artista, pois é isto que seus filmes são: obras de arte. O filme talvez se estenda demais, se arraste em alguns momentos, mas dá aquela sensação de limbo, que é onde os personagens meio que estão. O filme merece e muito ser assistido.

sábado, 23 de maio de 2020

3 FACES

Título Original: Se Rokh
Diretor: Jafar Panahi
Ano: 2018
País de Origem: Irã
Duração: 101min
Nota: 8

Sinopse: Uma famosa atriz iraniana recebe um vídeo perturbador de uma garota implorando por ajuda para escapar de sua família conservadora. Ela então pede a seu amigo, o diretor Jafar Panahi, para descobrir se o vídeo é real ou uma manipulação. Juntos, eles seguem o caminho para a aldeia da menina nas remotas montanhas do norte, onde as tradições ancestrais continuam a ditar a vida local.

Comentário: Filme vencedor de melhor roteiro em Cannes, foi lançado no festival, por isso não tem um pôster em farsi. O filme é uma brincadeira em metalinguagem, onde o diretor tenta fazer o telespectador acreditar que está vendo quase que um documentário, mas ao mesmo tempo é um documentário mesmo em que brinca que o telespectador está assistindo a um filme. O filme se passa em uma vila rural do Irã, onde a população tem um pensamento atrasado, que ao mesmo tempo reflete o próprio país que luta contra um República Islâmica que arrasta o Irã para o buraco em vários sentidos. As 3 Faces do título é o choque entre as três gerações de mulheres que aparecem no filme: Shahrzad, a antiga atriz que representa o Irã pré revolução de 79, que nos dias de hoje vive escondida, não mostra seu rosto na película, geração de liberdade que hoje é um passado que a República Islâmica quer que o povo esqueça. Jafari, representa aquela geração pós revolução de 79, a geração que acreditou na República Islâmica e que hoje percebe a cagada que fez, uma mulher da cidade grande que tem que viver com as condições impostas pelo governo. E por último temos Marziyeh, a nova geração, a geração que sonha com um futuro melhor em um país que impede que os sonhos se realizem, a geração que pensa diferente e é imposta em uma vida de regras ridículas que não funcionam mais. O filme abre as entranhas do país se o analisarmos com cuidado. Vale a experiência. Direção sempre competente de Panahi.

terça-feira, 19 de maio de 2020

UM HOMEM CHAMADO OVE

Título Original: En Man Som Heter Ove
Diretor: Hannes Holm
Ano: 2015
País de Origem: Suécia
Duração: 116min
Nota: 10

Sinopse: Ove é um senhor mal-humorado de 59 anos que leva uma vida totalmente amargurada. Aposentado, ele se divide entre sua rotina monótona e as visitas que faz ao túmulo de sua falecida esposa. Mas, quando ele finalmente se entregou às tendências suicidas e desistiu de viver, novos vizinhos se mudam para a casa da frente, e uma amizade inesperada irá surgir.

Comentário: O filme teve duas indicações ao Oscar, de melhor maquiagem e melhor filme estrangeiro. Amei tudo no filme, a direção, o ritmo, o roteiro e principalmente a magnífica atuação de Rolf Lassgård como Ove. O ator é a alma de todo o filme. A delicadeza com que tudo é orquestrado é só mais um detalhe a parte. Desses filmes que pegam a gente de jeito, emocionam, mas que também consegue ser leve, trazer lições de vida em quase duas horas de filme. Acho que vamos ficando velhos e entendendo melhor esse tipo de sentimento que esses filmes trazem, a vida vai ficando marcada por pessoas e sentimentos que são profundos e enraízam na gente. Tudo no filme funciona, da comédia ao drama, dos flashbacks ao presente, do amor ao luto. Não li o livro, mas sem comparações, é um filme lindo.

domingo, 17 de maio de 2020

TODOS JÁ SABEM

Título Original: Todos Lo Saben
Diretor: Asghar Farhadi
Ano: 2018
País de Origem: Espanha
Duração: 133
Nota: 9

Sinopse: Quando sua irmã se casa, Laura (Penélope Cruz) retorna à Espanha natal para acompanhar a cerimônia. Por motivos de trabalho, o marido argentino (Ricardo Darín) não pode ir com ela. Chegando no local, Laura reencontra o ex-namorado, Paco (Javier Bardem), que não via há muitos anos. Durante a festa de casamento, uma tragédia acontece. Toda a família precisa se unir diante de um possível crime de grandes proporções, enquanto se questionam se o culpado não está entre eles. Na busca por uma solução, segredos e mentiras são revelados sobre o passado de cada um.

Comentário: Mais um ótimo filme do diretor iraniano Asghar Farhadi, que é preciso assistir sem querer comparar com seus filmes anteriores, e terão uma película quase perfeita. Tudo no filme funciona, não achei longo, na verdade achei que podia até ter um pouco mais de tempo para desenvolver alguns personagens, fora isto o filme é simplesmente extraordinário. Farhadi brinca com o telespectador, criando suspeitas, abrindo percepções, contando camadas e camadas de histórias que poderiam ser sobre qualquer família. A direção é só um espetáculo a parte, as "pontas soltas" que o pessoal reclama é por culpa do telespectador preguiçoso que está acostumado só com filmes americanos enlatados. Elenco afiadíssimo! Um dos melhores filmes que vi este ano.

sábado, 9 de maio de 2020

ATLANTIQUE

Título Original: Atlantique
Diretora: Mati Diop
Ano: 2019
País de Origem: Senegal
Duração: 106min
Nota: 7

Sinopse: Em Dakar, um grupo de trabalhadores no canteiro de obras de uma torre modernista e contrastante, sem pagamento durante meses. Um barco de imigrantes tentando chegar à costa da Espanha. O amor de Souleiman e Ada, prometida a outro, que começa a viver fantasmagóricos eventos.

Comentário: Eu esperava mais deste que é o vencedor do Grande Prêmio do Juri no Festival de Cannes de 2019, mas não deixa de ser interessante e ter seus momentos. A diretora, que na verdade é francesa, nascida em Paris, é filha do músico senegalês Wasis Diop, famoso por misturar música folclórica senegalesa com pop e jazz e fundados da banda West African Cosmos (Não, você não deve achar no Spotify), por isso deve ter dado uma atenção especial para a trilha sonora que é ótima. A diretora é a primeira mulher negra a ser indicada ao Palma de Ouro, o filme tem forte influência do folclore senegalês e na minha visão tem várias similaridades com o filme Bacurau. Assisti sem ler a sinopse e portanto não esperava que ele fosse dar a virada que deu, mas tirando algumas coisas que não funcionaram tão bem, o filme é ótimo em servir como denúncia de várias coisas, como os problemas sociais no Senegal, religiosos, direitos das mulheres e tantas outras coisas. É no ponto de filme-denúncia que o filme funciona melhor, o resto é bom, mas cai em alguns clichês em alguns momentos. Personagens são bem trabalhados, diretora é bastante competente e o filme funciona dentro do que é proposto. Não entendi porque não traduziram o título para Atlântico para o português. Interessante para quem não assiste filmes africanos, vale a conferida sem esperar demais do filme, o Netflix comprou a distribuição depois da premiação de Cannes e é possível achá-lo no catálogo da empresa.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

OS NOMES DO AMOR

Título Original: Le Nom Des Gens
Diretor: Michel Leclerc
Ano: 2010
País de Origem: França
Duração: 99min
Nota: 8

Sinopse: Bahia Benmahmoud, uma jovem mulher extrovertida, é comprometida com seus ideais políticos: sem limites, ela não hesita em transar com seus inimigos para convertê-los à sua visão política, o que significa, potencialmente, muita gente, porque, em suma, todas as pessoas de direita representam sua causa. Ela costuma ter bons resultados, até o dia em que encontra Arthur Martin.

Comentário: Uma comédia romântica descompromissada, mas que não é nem um pouco rasa. Diretor e roteirista mostram aqui que é possível sim fazer um filme bonitinho e meloso de qualidade. Algumas cenas são realmente bem marcantes e alguns diálogos mais profundos que muito filme pseudo-intelectual. A fotografia, apesar de simples, consegue ter seus momentos, de impacto e de encher os olhos de beleza. A atriz está muito bem, Sara Forestier é sem sombra de dúvida o trunfo do filme, mas que dá algumas escorregadas, cai em alguns clichês e exagera também em alguns momentos, porém, nada que atrapalhe o filme como um todo. Vale a conferida.