domingo, 26 de abril de 2020

ALEKSI

Título Original: Aleksi
Diretora: Barbara Vekaric
Ano: 2018
País de Origem: Croácia
Duração: 87min
Nota: 8

Sinopse: Aleksi é uma mulher problemática de 28 anos que não conseguiu um emprego como fotógrafa depois de se formar na faculdade, e está voltando para casa para viver sob o teto de seus pais. Com poucas opções para afastar seu tédio, Aleksi ignora suas responsabilidades urgentes, seguindo seus impulsos com vários homens: Christian, um fotógrafo americano com quem ela se relaciona devido a interesses semelhantes; Goran, um músico local que ela não suporta por causa de seus valores tradicionais, mas com quem ela tem uma química física intensa; e Toni, um playboy esloveno mais velho, mais rico e charmoso que tenta atraí-la com a extravagância de iates, festas caras e drogas.

Comentário: Tihana Lazovic é definitivamente minha musa do século XXI, assisti ao filme principalmente por causa dela e ela é o que o filme tem melhor a oferecer, mas não a única coisa. Aleksi é uma mimada egoísta (conheci mulheres assim) que vai ter que aprender, talvez da pior maneira, que o mundo gira. Lazovic segura o filme nas costas e é, sem sombra de dúvida, o ponto forte na construção da personagem. A atuação é perfeita. O filme é cheio de cenas maravilhosas em vários sentidos, tanto no lado obscuro das merdas que fazemos, quanto no lado bonito que devíamos aproveitar mais. Um filme forte, que marca a estréia da diretora Barbara Vekaric, que mostra que é muito competente, porém o filme tem alguns erros de continuidade (como em uma cena que Aleksi tira as meias e aparece com as mesmas na cama, entre outras) que não atrapalham em nada seu andamento. Os filmes croatas vem caindo cada vez mais nos meus gostos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A VIAGEM DE CHIHIRO

Título Original: Sen to Chihiro no Kamikakushi
Diretor: Hayao Miyazaki
Ano: 2001
País de Origem: Japão
Duração: 124min
Nota: 10

Sinopse: Chihiro, uma garota de 10 anos, e seus pais estão mudando para uma nova cidade. Ao se perder no caminho da nova casa, a família encontra um lugar assemelhado a um parque temático abandonado, que se transforma em questão de minutos em um ambiente hostil e desafiador. Chihiro, sem a ajuda dos pais e contando com o apoio de um misterioso garoto, terá que encontrar mecanismos de sobreviver nesse ambiente dominado por deuses, bruxas e espíritos. É o início da jornada de Chihiro em um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos.

Comentário: Uma das obras primas de Miyazaki, ganhador do Oscar de melhor animação e do Urso de Ouro de melhor filme, é definitivamente uma das melhores animações de todos os tempos. O roteiro é maravilhoso e trás um mundo fantástico que mistura mitos japoneses e aventura em uma espécie de jornada de amadurecimento para a personagem. Os personagens são um espetáculo a parte, cada um deles tem seu momento de brilhar na tela e funcionam de diferentes maneiras, do cômico ao trágico. Ao rever recentemente percebi que o filme quase vinte anos depois não se tornou datado de forma alguma. Gosto das novas animações 3D, mas no fundo ainda sou saudosista e prefiro este modo mais antigo de animação. Assista pelo menos duas vezes e se atente aos detalhes da animação, vale a pena.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN

Título Original: Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain
Diretor: Jean-Pierre Jeunet
Ano: 2001
País de Origem: França
Duração: 116min
Nota: 10

Sinopse: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.

Comentário: Eu diria que este filme é o primeiro filme clássico do século XXI, já assisti várias vezes, inclusive no cinema quando teve sua estréia, mas ao rever recentemente pude entender que o filme é atemporal, ele continua forte, não envelheceu em nada, digo ainda que sua mensagem tem mais significado hoje do que em 2001, quando surgiu. Amélie Poulain é uma das personagens mais marcantes de toda a história do cinema, assim como Norma Demond interpretada por Gloria Swanson em Crepúsculo dos Deuses. Tudo no filme funciona perfeitamente bem, desde a trilha sonora de Yann Tiersen, passando pelo elenco e chegando ao roteiro espetacular. Lembro de já ser fã do diretor em 2001 por causa do magnífico Ladrão de Sonhos que ele havia realizado e tinha me deixado perplexo pelo filme extraordinário, com Amélie Poulain ele conseguiu fincar seu nome para sempre na história do cinema com este que é um dos maiores filmes da sua época. 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

A CASA DE PEQUENOS CUBINHOS

Título Original: Tsumiki No Ie
Diretor: Kunio Kato
Ano: 2008
País de Origem: Japão
Duração: 12min
Nota: 10

Sinopse: Conta a história de um velhinho que vive solitário em uma cidade inundada. À medida que a água sobe, o senhor eleva sua casa com pequenos tijolos em forma de cubos, para se manter fora do nível do lago sobre o qual vive. Então, um dia, seu cachimbo favorito cai e vai parar em um andar mais baixo de onde sua real moradia encontrava-se naquele momento. Muito apegado ao cachimbo, ele decide comprar uma roupa de mergulho e ir atrás dele. Ao mergulhar, passa a reviver toda a história dele, de sua família e, claro, a da casa, cujos vários andares, agora estão todos submersos.

Comentário: Ganhador do Oscar de melhor curta metragem animado, que em doze minutos consegue conquistar qualquer coração. Os desenhos são uma maravilha a parte, o que me encanta é conseguir condensar uma história em tão pouco tempo de maneira tão delicada e competente. O curta não tem falas, não precisa, tudo é contado com imagens e com uma trilha sonora forte. É possível achar no YouTube. No final fica um gosto agridoce no coração, uma nostalgia de um passado que vivemos sem prestar muita atenção.

terça-feira, 21 de abril de 2020

UM HOMEM ÍNTEGRO

Título Original: Lerd
Diretor: Mohammad Rasoulof
Ano: 2017
País de Origem: Irã
Duração: 113min
Nota: 8

Sinopse: Reza é um jovem que decidiu levar uma vida simples com a esposa e o único filho longe da agitação da cidade grande. Ele sobrevive com os recursos que obtém de sua criação de peixes, mas quando empresas privadas, autoridades locais e o governo estreitam suas relações comerciais, a busca por riquezas mudará o estilo de vida dos produtores locais. Resta saber se Reza será um deles.

Comentário: O diretor Mohammad Rasoulof é o grande premiado neste ano de 2020 no Festival de Berlim, este é o filme anterior dele. Um diretor muito competente, que tenta mostrar o lado sujo do sistema governamental do Irã e que cumpre pena no país por isto. Aqui vemos um pouco do lado sujo que lembra bastante o "jeitinho brasileiro" de se fazer as coisas. O filme peca bastante nas atuações, principalmente da atriz Soudabeh Beizaee, que interpreta a esposa do personagem principal, mas nada que comprometa o filme. Lerd, o título original, em persa é aquela sujeira que fica no fundo da garrafa de bebidas alcoólicas caseiras (mais comuns em vinhos), o que dá algum sentido ao filme, já que o personagem é um cara colocado de lado da sociedade em vários aspectos. Outro ponto é que bebidas alcoólicas são proibidas no Irã, como muitas outras coisas que são comuns ao "jeitinho" de se fazer as coisas. Um filme que vale a pena ser visto. Este filme foi o ganhador do prêmio Um Certo Olhar no Festival de Cannes.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

MEUS BARCOS

Título Original: Ghayegh-ha Ye Man
Diretor: Safi Yazdanian
Ano: 2005
País de Origem: Irã
Duração: 26min
Nota: 8

Sinopse: Depois de anos morando no exterior, Farhad retorna ao Irã. Logo ele viaja para Rasht, cidade natal de sua mãe nas margens do Mar Cáspio. Lá ele encontrará Maryam, seu amor perdido há muito tempo, e também um barco de brinquedo de madeira esquecido desde criança.

Comentário: Curta metragem que o diretor fez anterior ao filme Que Horas São No Seu Mundo? e que tem elementos que remetem a ele. Assisti ao curta metragem em persa, portanto teve alguns momentos que não entendi completamente, mas peguei toda a ideia principal e os pontos mais importantes. A direção é bem competente apesar de ser visível que o diretor não possuía tecnologia de ponta para filmá-lo. Toda a história consegue ser bem amarrada em 26 minutos e isto demonstra a tamanha habilidade do diretor de conseguir condensar tudo de maneira tão bem. O final é maravilhoso! Engraçado que em todos os filmes do diretor o protagonista chama Farhad, inclusive no seu mais recente (De Repente Uma Árvore) lançado em 2019.

domingo, 19 de abril de 2020

TROPA DE ELITE

Título Original: Tropa de Elite
Diretor: José Padilha
Ano: 2007
País de Origem: Brasil
Duração: 114min
Nota: 7

Sinopse: 1997. O dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE (Wagner Moura), que quer deixar a corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente dois amigos de infância se tornam policiais e se destacam pela honestidade e honra ao realizar suas funções, se indignando com a corrupção existente no batalhão em que atuam.

Comentário: Acho que eu era o único brasileiro que não tinha visto este filme, lembro que naquele ano fui em um cinema vagabundo assistir ao filme Planeta Terror do Robert Rodriguez e era possível ouvir perfeitamente ao áudio do filme Tropa de Elite da sala ao lado. O filme é bom, mas não achei tudo isso, ele cumpre o que promete. A direção não é das melhores e nem o Wagner Moura, que é um puta de um ótimo ator, consegue ter uma atuação de alto nível. Cenas forçadas e violência gratuita onde podia melhorar a discussão que o filme se propunha. Não me espanta que tanta gente não tenha entendido o filme, retrato de um Brasil semianalfabeto que achou que o filme é sobre um bando de policiais super-heróis. O filme ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlin, que é um baita feito, e acho que ajudou a fomentar a produção de filmes nacionais na época. Nunca tive vontade de ver, mas valeu a pena a assistida, há boas sacadas e interessantes reflexões em alguns momentos. Ajudou a lembrar que preciso terminar o Vigiar e Punir do Foucault.

sábado, 18 de abril de 2020

CASULO

Título Original: Koza
Diretor: Nuri Bilge Ceylan
Ano: 1995
País de Origem: Turquia
Duração: 21min
Nota: 8

Sinopse: A estória de um casal que, por algumas experiências dolorosas do passado, vivem separados. Um dia voltam a viver juntos, esperando que o encontro apague suas dores, mas como a aproximação não surge efeito, voltam a viver distantes um do outro.

Comentário: Primeiro curta metragem do diretor Nuri Bilge Ceylan, que encabeça a lista dos meus diretores contemporâneos preferidos, e indicado ao Palma de Ouro como melhor curta no Festival de Cannes. O filme já demonstra toda a habilidade do diretor na fotografia (Ceylan era um fotografo profissional antes de ir para o mundo do cinema), que é o seu ponto forte em todos os filmes que fez até hoje. Se você não sabe a sinopse antes de assistir ao filme, acho que tudo fica mais subjetivo, é possível tirar várias diferentes histórias entre os personagens e a tentativa de adivinhar o que está acontecendo da um toque lynchiano ao curta. Uma das curiosidades é que o casal é na verdade os pais do diretor. Recomendo pra quem curte fotografia, gosta de cinema arte ou é fã do diretor.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

ASSUNTO DE FAMÍLIA

Título Original: Manbiki Kazoku
Diretor: Hirokazu Koreeda
Ano: 2018
País de Origem: Japão
Duração: 121min
Nota: 10
 
Sinopse: Depois de uma de suas sessões de furtos, Osamu (Lily Franky) e seu filho se deparam com uma garotinha. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber das dificuldades que enfrenta. Embora a família seja pobre e mal ganhem dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.

Comentário: Grande vencedor do Palma de Ouro de 2018, o filmes é simplesmente maravilhoso e perfeito. A sutileza com que Koreeda vai construindo as relações e laços entre os personagens é o melhor que o filme tem a oferecer. A direção é tudo de bom, a cena em que a família tenta observar os fogos de artifícios é uma obra de arte indescritível. Difícil dizer algo que não funcione no filme, mostrando que família é muito mais que ligações de sangue e com uma forte critica social. Em muitos aspectos, achei melhor que Parasita, mas não teve o mesmo hype, talvez por fugir um pouco do mainstream. O filme está no catalogo do Netflix e é uma excelente pedida a qualquer momento se não assistiu. O elenco todo merece uma menção pelo excelente trabalho, principalmente as crianças, todos cumprem com maestria seu papel.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS


Título Original: Zire Darakhatan Zeyton
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1994
País de Origem: Irã
Duração: 103min
Nota: 9

Sinopse: Uma pequena cidade no norte do Irã recebe a visita de uma equipe de cinema que está produzindo um filme. O protagonista masculino é Hossein (Hossein Rezai) e a feminina é Tahere (Tahere Ladaniam), uma jovem atriz por quem Hossein está visivelmente apaixonado, deixando transparecer até para o diretor do filme. No intervalo entre as cenas, o ator tenta de todos os modos fazer com que Tahere fale com ele, o que ela se recusa a fazer.

Comentário: Terceiro filme da Trilogia Koker de Abbas Kiarostami. Entre os três filmes, este é o melhor, o interessante é ver que um filme é melhor que o outro até chegar a este desfecho. Apesar de ter coisas que funcionam até melhores nos outros filmes, neste o diretor consegue amarrar tudo muito bem, com um ótimo desfecho e com o melhor diálogo de toda a trilogia. Hossein consegue conquistar o telespectador de maneira muito fácil e honesta. A metalinguagem usada no segundo filme é utilizada novamente deixando camadas diferentes de realidades entre os três filmes. A crítica social é um pouco mais sutil que no segundo filme, na minha opinião, apesar de ter cenas que se destacam mais sobre esse assunto neste, como com a família que eles dão carona na caminhonete. Kiarostami sempre nos ganha pela simplicidade de seus filmes e com este não é diferente.

domingo, 5 de abril de 2020

A VIDA E NADA MAIS (E A VIDA CONTINUA...)

Título Original: Zendegi Va Digar Hich
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1992
País de Origem: Irã
Duração: 95min
Nota: 8

Sinopse: Um road-movie que mistura crítica social com o registro de uma tragédia. Junto com seu filho, um cineasta faz uma viagem pela região norte do Irã, local atingido por um forte terremoto em 1990, para reencontrar os dois jovens atores de seu filme "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?". No caminho, testemunham diversos acidentes e se defrontam com o caos gerado pelo terremoto. Apesar de desolado, os habitantes da região não se abatem e, ao mesmo tempo em que lutam para resgatar dos escombros o que restou, assistem aos jogos da Copa do Mundo.

Comentário: Segunda parte da Trilogia Koker, do diretor Abbas Kiarostami. O filme segue em uma espécie de metalinguagem em relação ao outro filme e brinca como se fosse um documentário, mas não é. Esta região de Koker sofreu um terremoto bem grave em junho de 1990 e até hoje, em 2020, a região nunca mais conseguiu se recuperar, tanto da miséria como dos destroços. Kiarostami faz de maneira brilhante um filme onde documenta a tragédia, como cria diálogos e relações de uma delicadeza ímpar, levantando questões como religião, problemas sociais e alienação. Farhad Kheradmand, que interpreta o personagem principal, consegue levar o filme muito bem, que é cheio de cenas com significados fortes e tem um desfecho perfeito com o que o filme propõe.

sábado, 4 de abril de 2020

BACURAU

Título Original: Bacurau
Diretores: Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles
Ano: 2019
País de Origem: Brasil
Duração: 131min
Nota: 8

Sinopse: Bacurau, um pequeno povoado do sertão brasileiro dá adeus a Dona Carmelita, mulher forte e querida por quase todos, falecida aos 94 anos. Dias depois, começam os sinais de que a tranquilidade de Bacurau estará sob ameaça. Uma sequência de incidentes mergulham o vilarejo numa tensão crescente. No entanto, muitos não contavam com um detalhe: que no passado desse lugar extraordinário estava adormecido um talento especial para a aventura.

Comentário: O filme é bom? Sim, muito bom. Mas é tudo isso? Não, mas dá a sensação de ser por causa de um caroço entalado na garganta de muita gente devido as condições políticas que o Brasil vive nos últimos anos. A gente tem essa sensação de querer que o povo se una pra decepar a cabeça de uma burguesia filha da puta que está ferrando com o país desde 2016. Focando no filme agora, podemos dizer que ele é bem elaborado, com uma qualidade técnica impecável e com cenas impactantes. O roteiro é preguiçoso, personagens mal elaborados e algumas coisas que ficam perdidas no contexto, como aquela droga que eles tomam, que deixa até pano pra manga pra uma discussão extensa. Mas é um baita filme, que marcou história ganhando o Prêmio do Juri em Cannes e escancarando um Brasil que muitos tentam fingir que não existe. Acho que podiam ter desenvolvido melhor algumas coisas e deixado outras supérfluas de lado.