sexta-feira, 29 de outubro de 2021

ALMAS SILENCIOSAS

Título Original: Ovsyanki
Diretor: Aleksei Fedorchenko
Ano: 2010
País de Origem: Rússia
Duração: 77min
Nota: 8

Sinopse: Quando sua querida mulher Tanya morre, Miron pede a seu melhor amigo Aist que o ajude a despedir-se dela de acordo com os rituais da cultura Merja, uma antiga tribo do Lago Nero, localizado no centro-oeste da Rússia. Apesar de a civilização Merja ter sido assimilada no século 17, seus ritos e tradições ainda estão presentes na vida de seus descendentes. Os dois homens partem em uma viagem pelas terras sem fim, levando com eles dois pequenos pássaros em uma gaiola. Pelo caminho, como de costume para os Merjas, Miron divide com o amigo memórias íntimas de sua vida conjugal.

Comentário: Mas que filme belíssimo, de uma simplicidade poética ímpar. Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza e ganhador de mais quatro prêmios fora do circuito principal do festival. Daqueles filmes que eu não indico para ninguém porque é bem fora do que o pessoal está acostumado, mas que eu curto. Cheio de simbolismos, paisagens bonitas (Adoro Road Movie), diálogos abertos a interpretações e tantas outras coisas. Existe também o aspecto antropológico sobre o povo Merja que é fantástico, imaginar como culturas tão diferentes surgem e desaparecem na inexorabilidade do tempo. Adorei a interpretação dos atores e da relação tão próxima e tão distante entre eles. O filme é curto, direto, sem muitos rodeios. Apresenta aquilo que propõe e te deixa pensando por semanas em aspectos sobre várias coisas insignificantes sobre ele.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

A VIDA INVISÍVEL

Título Original: A Vida Invisível
Diretor: Karim Aïnouz
Ano: 2019
País de Origem: Brasil
Duração: 140min
Nota: 10

Sinopse: Década de 1940. Eurídice (Carol Duarte) é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida (Julia Stockler) é sua irmã mais velha, e o oposto de seu temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor.

Comentário: Vencedor do prêmio Um Certo Olhar no Festival de Cannes, achei superior a qualquer filme do festival que assisti daquele ano e acho que poderiam fácil ter dado a Palma de Ouro para este aqui. Está muito, muito acima de Bacurau e se tornou o meu filme brasileiro favorito, desbancando o Abril Despedaçado que permanecia neste posto desde que foi lançado no cinema há uns vinte anos atrás. O filme é perfeito mesmo com umas bagunças cronológicas (tem um momento que a narrativa de Guida da um pulo para 1956 enquanto a personagem de Eurídice está anos atrás na primeira gravidez), mas não é nada que comprometa o filme. Karim se firma aqui como meu diretor nacional preferido, que qualidade técnica é essa? Não deve em nada para nenhum cinema do mundo. E o elenco então? Carol Duarte e Julia Stockler parecem que são irmãs na vida real, não saberia escolher uma se tivesse só um prêmio para dar. Um filme forte, emocionante e que me desmanchou em lágrimas no final. Indico para qualquer pessoa... é triste pensar em quantas Eurídices não viveram ou vivem ainda por aí.