sexta-feira, 30 de julho de 2021

REFLEXÕES DE UM LIQUIDIFICADOR

Título Original: Reflexões de um Liquidificador
Diretor: André Klotzel
Ano: 2010
País de Origem: Brasil
Duração: 80min
Nota: 7

Sinopse: Um filosófico liquidificador nos conta de sua amizade com Elvira, uma dona de casa que passa por um momento agitado em sua vida. Seu marido, Onofre, desapareceu há alguns dias, e ela decide ir à policia dar queixa do sumiço. Em meio a reflexões sobre a vida e as diferenças entre os objetos e os seres humanos, o liquidificador nos conta como tudo começou.

Comentário: Um filme bizarro que no mínimo merece a assistida. Ana Lúcia Torre da um show de atuação e a voz de Selton Mello caiu como uma luva para o liquidificador, o roteiro parece um livro perdido da autora Vanessa Bárbara com tiradas cômicas e diálogos inteligentes. Aos poucos alguns elementos estranhos vão sendo inseridos na história que vai mudando o rumo sem que você realmente perceba até o desfecho chocante (não é spoiler) que desde o começo você sabe que vai acontecer,  mas consegue te chocar mesmo assim. Parece aquele tipo de filme que pode assistir com sua avó em uma Sessão da Tarde, mas não se engane, não é. Direção competente que prova que não se fazem bons filmes só com orçamentos milionários.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL

Título Original: Absolutely Anything
Diretor: Terry Jones
Ano: 2015
País de Origem: Inglaterra
Duração: 85min
Nota: 6

Sinopse: Neil (Simon Pegg), um professor desiludido com a vida, vê sua vida mudar após ser atropelado por uma van e ser atingido por um raio alienígena que lhe dá poderes mágicos. Com eles, Neil pode fazer tudo que quiser: desde calar a boca de seus alunos até ressuscitar pessoas! O problema é saber utilizar as palavras certas para conseguir o que ele quer. O uso dessas novas habilidades vai gerar uma série de confusões.

Comentário: Último filme do mestre Terry Jones (ele chegou a fazer um documentário depois desse antes de falecer em 2020). Esta película passa longe de fazer jus a um dos emblemáticos membros do Monty Python, acho que o humor do Douglas Adams (escritor) só funciona na escrita, nenhum de seus textos, que são maravilhosos e engraçados, funcionaram para mim quando transpostos para a tela. A química do casal é forçada e não funciona, a personagem da Kate Beckinsale é a típica vizinha gostosa que o nerd merece possuir pelo simples fato de ser o protagonista e a história ser escrita pelo nerd que quer uma vizinha gostosa. Seria bom pra variar se o nerd caísse na real e desse um chega pra lá nela no final. O que funciona é a relação dele com o cachorro (dublado por Robin Williams em seu último papel) e a convenção de alienígenas (dublados pelos membros remanescentes do Monty Python, juntos uma última vez). O filme, como podem notar, serve mais como nostalgia de um tempo em que a comédia era mais engraçada. Simon Pegg (que as pessoas insistem que é a minha cara) continua tendo um carisma como poucos e faz o filme funcionar.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

EM UM MUNDO MELHOR

Título Original: Hævnen
Diretor: Susanne Bier
Ano: 2010
País de Origem: Dinamarca
Duração: 117min
Nota: 9

Sinopse: Anton (Mikael Persbrandt) é um médico que trabalha em um campo de refugiados em um lugar qualquer da África. Na Dinamarca, seu país natal, estão sua mulher Marianne (Trine Dyrholm) e seus dois filhos, Elias (Markus Rygaard) e Morten (Toke Lars Bjarke). Paralelamente, acompanhamos a história do garoto Christian (William Jøhnk Nielsen) que emigra para a Dinamarca, ao lado de seu pai Claus (Ulrich Thomsem) logo após a morte da mãe. Dois mundos distintos que irão se cruzar.

Comentário: Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro, um prêmio que acho merecidíssimo. Dos filmes deste ano, achei este o melhor entre todos eles, porque mesmo com uma linguagem mais comercial, consegue abranger uma infinidade de coisas pertinentes para a história e para o espectador: luto, bullying, comportamento social, guerra, vingança, sociopatia, até onde o ser humano chega para romper com seus princípios, e por aí vai... é tanta coisa que o filme passa que posso escrever um texto de páginas. Cópia Fiel, do Kiarostami, por exemplo, tem um roteiro bem mais elaborado em alguns aspectos, mas não conseguiu me atingir como este. E que soco no queixo que é este filme. Ulrich Thomsen, em um papel menor, consegue mostrar o quão gigante é fazendo qualquer coisa. Uma pena que a diretora, que fez recentemente o Caixa de Pássaros para o Netflix, tenha se rendido aos filmes comerciais americanos, podia ter tido uma carreira mais interessante. Um filme forte, pesado e que cumpre muito bem o que propõe. Recomendo.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

JIMMY'S HALL

Título Original: Jimmy's Hall
Diretor: Ken Loach
Ano: 2014
País de Origem: Irlanda
Duração: 109min
Nota: 8

Sinopse: A história de Jimmy Gralton, figura-chave do Grupo de Trabalhadores Revolucionários que deu origem ao atual Partido Comunista Irlandês. Gralton gerou discórdia ao inaugurar um espaço para as pessoas debaterem, aprenderem e sobretudo, dançarem. A trama retoma o período em que o rapaz volta a seu país natal, após ter passado dez anos em Nova York.

Comentário: O filme foi indicado a Palma de Ouro em Cannes, mas chega a ser quase um filme esquecido do Loach, talvez por estar entre os mais reconhecidos Ventos da Liberdade e Eu, Daniel Blake. Temos aqui uma espécie de Footloose na Irlanda dos anos 30, e baseado em fatos reais. Achei que o roteiro se acovarda um pouco ao retratar Jimmy Gralton, que pra quem assiste ao filme não fica muito claro suas convicções políticas. [início da piada] O filme chega a ser extremamente fantasioso ao mostrar uma chuva na Irlanda só pra parte final (quem já morou naquela ilha de lama sabe do que eu estou falando) [fim da piada]. De resto, o filme não trás nada de muito novo, mas críticas e pensamentos que sempre são muito pertinentes, já que a humanidade parece não querer enxergar essas obviedades. Em linhas gerais, como a religião e o pensamento conservador servem como freios para a evolução do próprio ser humano como espécie. Mais um filme denúncia de Loach, quase um Chomsky da sétima arte. PS: Odeio quando não traduzem os títulos, obviamente a película tinha que chamar O Salão de Jimmy, sim!