quinta-feira, 29 de outubro de 2020

CACHORROS

Título Original: Los Perros
Diretor: Marcela Said
Ano: 2017
País de Origem: Chile
Duração: 95min
Nota: 8

Sinopse: Mariana, uma mulher de quarenta e dois anos e de classe alta, desenvolve uma amizade com seu instrutor de equitação, que vive coberto por um passado sombrio.

Comentário: O filme é muito bem construído e reflete tudo o que países que sofreram com a ditadura tem de problemáticos hoje como cicatrizes que se recusam a sarar. Podíamos transferir facilmente a história para o Brasil (Ah, mas no Brasil os militares não foram presos, né? Então não dá... porque o Brasil foi bunda mole até na hora de lidar com isso). A personagem principal é a típica elite podre que representa tudo de tosco da sociedade, cercada de personagens mais toscos ainda. O filme é uma ode pitoresca desse reflexo de dinossauros da ditadura e suas crias e perpetuações contínuas. Achei bem interessante os paralelos e as profundidades nas entrelinhas. Apesar de dar a mesma nota, prefiro o filme anterior da diretora (O Verão dos Peixes-Voadores), achei mais poético e com uma personagem que dava para se identificar. Não é um filme que sairia indicando por aí, é muito de nicho, mas eu gostei.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

CHONGQING BLUES

Título Original: Rizhao Chongqing
Diretor: Xiaoshuai Wang
Ano: 2010
País de Origem: China
Duração: 114min
Nota: 8

Sinopse: Lin, capitão de um barco, volta a casa após 6 meses no mar e é informado da morte do filho de 25 anos, Lin Bo, morto pela polícia. Volta a Chongqing, cidade onde vivia antigamente, para descobrir o que se passou e percebe-se de que quase não conhecia o filho. Compreende então a que ponto a sua ausência pesou na vida do filho.

Comentário: O filme foi indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes e me surpreendeu muito positivamente. Um filme com uma narrativa bem simples, mas que é muito bom na forma de contar sua história. Em nenhum momento senti muita empatia pelo personagem principal, muito bem interpretado por Xueqi Wang, que nada mais foi que um covarde filho da puta que abandonou a família. Mas é neste ponto que o filme coloca o dedo na ferida, para pensarmos o quanto tudo não poderia ter sido responsabilidade dele. Um filme sobre a pancada que a vida da na gente quando erramos feio em nosso passado e é impossível reparar os danos que causamos. Achei que o filme podia enrolar um pouco menos, mas no geral ele funciona muito bem. Direção competente e profundo como as Fossas Marianas.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

NÃO HÁ MAL ALGUM

Título Original: Sheytan Vojud Nadarad
Diretor: Mohammad Rasoulof
Ano:2020
País de Origem: Irã
Duração: 150min
Nota: 10

Sinopse: Quatro histórias que são variações dos temas cruciais da força moral e da pena de morte, que perguntam até que ponto a liberdade individual pode ser expressa sob um regime despótico e suas ameaças aparentemente inevitáveis.

Comentário: Vencedor mais do que merecido do Festival de Berlim, afirmo aqui sem sombra de dúvida de que este é o melhor filme de 2020. Depois do seu bom Um Homem Íntegro, Rasoulof volta a nos brindar com uma verdadeira obra de arte do cinema, não me sentia em êxtase com um filme desde que assisti Os Campos Brancos (do mesmo diretor). São quatro histórias sobre o mesmo tema e é difícil eleger uma melhor. A primeira é um impacto mais pesado que um murro na cara, a segunda trabalha sua tensão, a terceira acerta a consciência e a última é quase um poema lírico que só o diretor sabe fazer. Tudo no filme funciona, a direção é fantástica e chama muito a atenção já que o diretor está proibido de realizar filmes no Irã e até onde sei cumpre pena domiciliar desde que lançou Os Campos Brancos. O filme é uma demonstração da força e da luta contra o governo totalitário do país. Belas atuações e destaque para a cena em que o marido pinta o cabelo da esposa (No Irã as mulheres não podem mostrar o cabelo, então essa cena aparecer no filme foi um baque para mim). Não vou comentar mais para não estragar a experiência. ASSISTAM! Filme mais do que obrigatório!

terça-feira, 6 de outubro de 2020

O APARTAMENTO

Título Original: Forushande
Diretor: Asghar Farhadi
Ano: 2016
País de Origem: Irã
Duração: 123min
Nota: 8

Sinopse: Forçado a sair de seu apartamento devido a trabalhos perigosos em um prédio vizinho, Emad e Rana se mudam para um novo apartamento no centro de Teerã. Um incidente ligado ao anterior inquilino vai mudar drasticamente a vida do jovem casal.

Comentário: Depois de faturar o Oscar por A Separação pela categoria de melhor filme estrangeiro, Asghar Farhadi conquistou aqui a segunda estatueta para o Irã (Sim, foi a primeira e a segunda premiação iraniana na história do Oscar respectivamente). O ator, Shahab Hosseini, faturou aqui também o prêmio de melhor ator em Cannes. O filme é muito bom, mas me deixou muito nervoso, como de costume em qualquer dos filmes do Farhadi, mas esse foi o mais incômodo. O amálgama do filme com a peça teatral de Arthur Miller (A Morte do Caixeiro Viajante) é enorme e acho que eu teria aproveitado muito mais se tivesse lido o livro antes de assistir este filme, não que seja obrigatório a leitura, mas faz uma diferença com certeza. É o terceiro filme que assisto do diretor, e apesar deste ser bem acima da média, confesso que preferi os outros dois. A atriz, Taraneh Alidoosti, também esbanja talento. As discussões e o final aberto a inúmeras possibilidades são o de praxe do diretor, ou seja, mais profundo que as Fossas Marianas. Uma curiosidade é que o diretor começou a filmar este filme na Espanha com a atriz Penelope Cruz (que fizeram juntos depois o excelente Todos Já Sabem), mas resolveu voltar para o Irã para realizá-lo em seu país natal.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

ALÉM DA LINHA VERMELHA

Título Original: The Thin Red Line
Diretor: Terrence Malick
Ano: 1998
País de Origem: EUA
Duração: 170min
Nota: 10

Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, fica claro que o resultado da batalha de Guadalcanal influenciará fortemente o avanço japonês no Pacífico. Assim, um grupo de jovens soldados é enviado para lá, trazendo alívio para as esgotadas unidades da marinha. Lá os recém-chegados conhecem um terror que nem imaginavam, mas no meio deste desespero surgem fortes laços de amor e amizade.

Comentário: Difícil escrever sobre este filme que muito provavelmente é o meu filme americano preferido de todos os tempos. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim e completamente menosprezado pelo Oscar para O Resgate do Soldado Ryan (que é legal, mas não chega nem na sujeira da unha deste). Além da Linha Vermelha é o melhor filme de guerra já realizado para mim, seguido de Apocalipse Now. Um filme que simplesmente desmembra em detalhes tudo o que precisamos saber sobre o ser humano com uma das melhores fotografias já feita (Realizada por John Toll). Acho que é daqueles filmes que ou você ama ou você odeia, sem muito meio termo, onde o personagem principal é a guerra e não algum ator específico. Tive o privilégio de assistir no cinema quando estreou, e esta semana assisti pela 4ª vez. Um filme de quase três horas de duração que passa como um raio para mim, nem um pouco cansativo.