domingo, 23 de agosto de 2020

VENTOS DE AGOSTO

Título Original: Ventos de Agosto
Diretor: Gabriel Mascaro
Ano: 2014
País de Origem: Brasil
Duração: 75min
Nota: 6

Sinopse: Um estranho pesquisador de som de ventos alísios chega numa pequena vila costeira. Agosto trás o mar revolto e os ventos fortes. Sua chegada tem impacto na relação de dois jovens habitantes da vila, Shirley e Jeison. O filme narra um sutil duelo entre a vida e a morte, a perda e a memória, o vento e o mar.

Comentário: Acho que fui assistir esperando demais do filme, mas confesso que decepcionou um pouco. O filme é um primor na qualidade técnica, fotografia, direção e até mesmo as atuações se destacam. Parece que estamos vendo mais um documentário sobre o local do que um filme onde atores interpretam, pelo menos em parte. Dandara de Morais é de uma beleza tão natural que já nos conquista já no começo, mas que é muito mal aproveitada pelo roteiro sem um fio narrativo que podia fazer muita mais pelo filme do que fez. Acho que é exatamente o roteiro o ponto fraco do filme, este tipo de roteiro muito aberto e abstrato funciona em alguns filmes, mas neste, para o tipo de lugar e personagens acaba tropeçando. Gostei de assistir, mas tinha um potencial muito maior.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

UM QUARTO EM ROMA

Título Original: Habitación en Roma
Diretor: Julio Medem
Ano: 2010
País de Origem: Espanha
Duração: 107min
Nota: 10

Sinopse: Depois de se conhecerem em um bar em Roma, Natasha e Alba passam a noite juntas. As intensas experiências que conhecerão naquela noite passarão da luxúria à descoberta do amor, em jogos de mentiras, verdades e revelações, tudo em uma belíssima plástica construída pelo diretor Julio Medem.

Comentário: Um filme extremamente real e que me tirou lágrimas, o Julio Medem está virando especialista em fazer isso comigo. Acho que só vai entender o filme, ou sentir o filme, quem já viveu um amor assim. Existem, já vivi amores que duraram anos e já vivi amores que duraram dias... e é bem isso que o filme mostra. É como Robert Jones nos diz em Por Quem os Sinos Dobram, escrito por Ernest Hemingway, "há vidas que duram dias". A certeza de que você vai ir embora e toda aquela lembrança vai ficar lá, em algum lugar perdido neste mundão e no nosso coração para sempre... e a gente ainda sonha que poderia ter durado para sempre. Se você nunca viveu um amor assim, não acho que vá entender o filme, e sinto pena por você. Achei que o filme deveria ter terminado no café da manhã, mas nada que tenha estragado a experiência. Toda a bagagem histórica nas entrelinhas é fantástica, deixa o filme muito mais interessante. O jogo de mentiras e verdades entre elas da um excelente pano para manga para deixar as personagens mais reais, desenvolver os diálogos muito bem. A parte erótica é um mero detalhe no filme, que achei bem delicada, não existe uma apelação ao meu ver. Uma experiência visceral.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

TANGERINAS

Título Original: Mandariinid
Diretor: Zaza Urushadze
Ano: 2013
País de Origem: Estônia
Duração: 83min
Nota: 10

Sinopse: A história de Ivo (Lembit Ulfsak), que com a ajuda do produtor de tangerinas Margus (Elmo Nüganen) e o médico Juhan (Raivo Trass), salva a vida do checheno Ahmed (Giorgi Nakashidze) e do georgiano Niko (Misha Meskhi), em um povoado estoniano da Abecásia no meio da guerra de 1992.

Comentário: Um enredo simples e com atuações marcantes que conseguem de maneira muito sutil desconstruir qualquer tipo de guerra. Um desses filmes que não conseguimos explicar muito bem porque é tão bom, porque tocam não em um sentimento individual, mas em algo que pertence a qualquer ser humano. Como se compartilhássemos  algo como espécie que foi esquecido a muito tempo atrás. O filme foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro, mas no ano em que concorreu só tinha filme foda. Destaque para o ator Giorgi Nakashidze, que interpreta Ahmed, o cara conseguiu passar um carisma como poucos atores conseguem. Tão bom quanto um livro de Hemingway sobre a inutilidade da guerra.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O PORTÃO DE PARTIDA

Título Original: The Gate of Departure
Diretor: Karim Hanafy
Ano: 2014
País de Origem: Egito
Duração: 66min
Nota: 6

Sinopse: Uma meditação sobre tristeza, morte e aprisionamento psicológico que dispensa diálogo e narrativa para uma experiência visual que quebra as convenções.

Comentário: É um filme experimental que foge completamente do tipo de narrativa que as pessoas estão habituadas. Me remeteu um pouco da experimentação do filme Cartas Para Paul Morrissey, mas o filme escorrega na falta de um fio condutor na narrativa e isto atrapalha bastante o telespectador. O filme se mostra bastante pessoal para o diretor, que aborda o tema do suicídio da mãe em uma espécie de caleidoscópio de sentimentos auto-biográficos e esta entrega que ele faz vale a assistida. Há momentos poéticos que me lembraram O Espelho do Tarkovski, mas o geral da obra fica bem aquém do mestre russo. É um filme de cenas e sentimento, onde é possível se emocionar em pequenos detalhes. Gostei bastante da parte técnica, assistiria outro filme do diretor para ver sua evolução.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

ENTRE DOIS MARES

Título Original: Between Two Seas
Diretor: Anas Tolba
Ano: 2019
País de Origem: Egito
Duração: 87min
Nota: 8

Sinopse: Uma família de uma área rural no Egito é dividida após um trágico acidente. A busca de uma mãe por redenção, vingança e esperança define os eventos dessa história dramática de uma sociedade esquecida.

Comentário: Primeiro longa metragem do diretor Anas Tolba e vencedor dos prêmios de melhor roteiro e filme narrativo no festival de cinema do Brooklyn. O filme é carregado de uma sensibilidade ímpar, sobre mulheres que são tratadas como mercadorias em uma sociedade machista e doente. A direção é espetacular, o diretor é extremamente talentoso e sabe muito bem aproveitar suas qualidades técnicas. As interpretações também são impecáveis. A narrativa do filme foge bastante do que a galera está acostumada, mas ao mesmo tempo tenta não ser uma narrativa difícil para quem nunca assistiu este tipo de filme sobre uma ótica de um povo completamente diferente de nós. Um filme de esperança, de tragédia, de sentimentos que muitas vezes não conseguimos controlar. O filme foi feito em colaboração com o Conselho Nacional das Mulheres do Egito e da UN Women. Impossível assistir e não ser inundado por vários tipos de sentimentos diferentes. A mensagem religiosa geral é a única coisa realmente que não me desce, mas é a cultura deles, mas existe uma crítica bem construída de algumas pessoas religiosas que é muito boa também.