sábado, 24 de junho de 2023

LAMBA A ESTRELA

Título Original: Lick the Star
Diretor: Sofia Coppola
Ano: 1998
País de Origem: EUA
Duração: 14min
Nota: 7

Sinopse: Quatro garotas obcecadas com o livro de V.C. Andrews, "O Jardim dos Esquecidos" tramam envenenar os garotos do colégio.
 
Comentário: Chama a atenção por ser o primeiro trabalho da Sofia Coppola, a história em si pode não ser grande coisa, mas é a forma como ela é conduzida que dá o tom mostrando já o talento da diretora. A trilha sonora é perfeita com a banda The Amps (da Ex-Pixies Kim Deal) e um trechinho de Free Kitten para ficar em dois exemplos. O elenco é meio fraquinho, nenhuma atriz vingou. Acho que é um trabalho muito mais estético do que qualquer outra coisa, mas valeu a assistida, o plot twist que ocorre com a garota popular do colégio poderia ter sido melhor desenvolvido mesmo com o curto tempo que tinha. Há cenas esporádicas muito boas que fazem o curta ser acima da média.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

AS HARMONIAS DE WERCKMEISTER

Título Original: Werckmeister Harmóniák
Diretor: Bèla Tarr
Ano: 2000
País de Origem: Hungria
Duração: 146min
Nota:  9

Sinopse: János Valuska, um simples carteiro apaixonado por astronomia, vê sua cidade sofrer uma revolta depois da chegada de um circo e suas atrações: uma baleia gigante e um príncipe medonho com seus seguidores, pessoas simples das cidades vizinhas que ficaram seduzidas pelo seu discurso niilista contra a burguesia local.

Comentário: Vencedor em uma das premiações paralelas no Festival de Berlim. O filme é quase como ler James Joyce, você fica meio perdido, sendo levado pelos acontecimentos tentando fazer o cérebro pegar o maior número de informações, sentimentos e detalhes possíveis, isso por si só já faz o filme valer a pena e ser grandioso. A direção é outra coisa deslumbrante à parte. Lógico que gera aquela frustração de não entender todos os personagens com a profundidade que cada um tem, mas as cenas são deslumbrantes mesmo assim. Uma das cenas mais bonitas iniciais de um filme e uma das mais caóticas perto do fim também. Não dá para falar mais, é um filme que precisa ser visto para quem quer o desafio e já aviso que talvez não funcione com a maioria das pessoas.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A PEQUENA CIDADE

Título Original: Kasaba
Diretor: Nuri Bilge Ceylan
Ano: 1997
País de Origem: Turquia
Duração: 86min
Nota:  6

Sinopse: A história de uma família que vive em uma pequena cidade esquecida na Turquia vista através dos olhos de crianças e lidando com a crescente complexidade quando alguém se torna um adulto.
 
Comentário: Vencedor de uma das premiações paralelas no Festival de Berlim. Sou um grande fã do diretor, portanto estava querendo ver esta filme faz um tempo, só consegui uma cópia recentemente. Achei bem abaixo das expectativas, muito verborrágico, gosto mais dos momentos em que o diretor trabalha o silêncio. Há cenas maravilhosas, e o filme é acima da média, mas a cena da fogueira toma um tempo muito grande da película e se torna cansativa, há bons momentos neste diálogo, mas outros que não acrescentam muita coisa. Indico só para quem quer conhecer o trabalho do diretor em seu início. A cena com a tartaruga fica na cabeça da gente. A fotografia é linda.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

MEU AMIGO TOTORO

Título Original: Tonari no Totoro
Diretor: Hayao Miyazaki
Ano: 1988
País de Origem: Japão
Duração: 86min
Nota:  8

Sinopse: Quando duas meninas se mudam para o campo para ficar perto de sua mãe doente, elas têm aventuras com os maravilhosos espíritos da floresta que moram nas proximidades.

Comentário: Miyazaki é sempre muito bom, acima da média. Falavam demais desse e eu acho que fui ver com uma expectativa muito alta, porém não é um A Viagem de Chihiro ou O Castelo Animado. O filme tem uma pegada mais infantil como Ponyo, mas é realmente uma graça, lúdico e diverte. As irmãs lidando com toda a fantasia do filme com o contraponto da mãe doente é o que o filme tem de melhor a oferecer, porém achei que o personagem do Totoro poderia ser mais trabalhado, participando do desfecho ou tendo uma relação que criasse mais ligação com as personagens. Acho que o filme funciona melhor para o público infantil, mas é como eu disse, não deixa de ser muito bom. Era um Miyazaki galgando onde chegaria. Vale a assistida.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

FILHAS DO SOL

Título Original: Les Filles du Soleil
Diretor: Eva Husson
Ano: 2018
País de Origem: Curdistão
Duração: 111min
Nota:  10

Sinopse: Bahar é a comandante das Filhas do Sol, um batalhão composto apenas por mulheres curdas que atua ofensivamente na revolução do país. Ela e as suas soldadas estão prestes a entrar na cidade de Gordyene, local onde Bahar foi capturada uma vez no passado. Mathilde é uma jornalista francesa que está acompanhando o batalhão durante o ataque. O encontro entre as duas mulheres, dentro do cenário caótico que as cercam, muda a vida de ambas permanentemente.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme é baseado no contato que a jornalista americana Marie Colvin teve com um grupo de mulheres do YPJ (Unidade de Proteção das Mulheres), um dos braços da revolução marxista apoísta que trouxe liberdade para inúmeras mulheres ao combater o Daesh (ISIS) na região. Achei o filme lindo demais, Golshifteh Farahani dá um show na atuação roubando todo o filme para si. As pessoas que reclamam do 'dramalhão' do filme é porque não tem a menor noção da realidade do que ocorre nessas regiões hoje, digo até que o filme pegou leve. O ISIS é das coisas mais abomináveis da humanidade, até quando iremos fechar os olhos para as atrocidades financiadas inclusive com apoio velado do governo turco de Erdogan? A cena dos créditos finais é de encher o olho de lágrimas. O povo curdo da região de Rojava é uma das poucas coisas hoje que me dão esperança na humanidade. Filmaço!

PS: Cadastrei como um filme do Curdistão, como faço com vários dos filmes aqui. Apesar de ser uma produção francesa, são poucos os diálogos em francês e toda a ação se passa no Curdistão, que é reconhecido como um país aqui no blog.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

TODOS OS MORTOS

Título Original: Todos os Mortos
Diretor: Marco Dutra & Caetano Gotardo
Ano: 2020
País de Origem: Brasil
Duração: 120min
Nota:  9

Sinopse: Os destinos das mulheres de duas famílias se enredam quando os Soareses, ex-proprietários de terras e de escravos, pedem ajuda a Iná, afrodescendente que despediram por divergências religiosas.

Comentário: Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim. Já começo dizendo que a Thaia Perez merecia todos os prêmios possíveis pela sua atuação monstro aqui, ela dá simplesmente um show em cada aparição. Adorei o filme, inclusive o desfecho que deixa a gente pensando sobre como nos dias de hoje ainda somos assombrados por preconceitos e moralidades ultrapassadas que se enraizaram de tal forma na nossa sociedade, de como ainda somos reflexos dessas pessoas que parecem se recusar em ficar no passado. Há alguns pontos que se estendem demais e outros que podiam ser mais elaborados, mas no geral é um baita filme. Não gostei da interpretação da Clarissa Kiste, como a freira Maria, muito mecânica, me incomodou. O filme é um belo chacoalhão que a sociedade brasileira estava precisando tomar, pena que essa galera não viu e se viu não entendeu.

domingo, 11 de junho de 2023

NOMADLAND

Título Original: Nomadland
Diretor: Chloé Zhao
Ano: 2020
País de Origem: EUA
Duração: 107min
Nota:  8

Sinopse: Uma mulher na casa dos sessenta anos que, depois de perder tudo na Grande Recessão, embarca em uma viagem pelo oeste americano, vivendo como um nômade moderno que vive em uma van.

Comentário: Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza e de inúmeros outros prêmios. Chama a atenção por ser talvez o filme menos comercial a ganhar o Oscar de melhor filme, com uma narrativa bem pouco usual ao cinema pasteurizado com pipoca que a galera está habituada. Achei a parte técnica linda, a narrativa, os personagens e a atuação monstro da Frances McDormand engrandecem demais tudo. Tenho só duas criticas e mais nada, achei que o filme pega muito leve com os problemas americanos que ele retrata: há uma glamorização no estilo de vida que ela leva, como se ela estivesse bem e não precisasse de um psicólogo, como se ela curtisse trabalhar na Amazon em época de natal (Eu trabalho na Amazon e posso dizer com certeza que ninguém gosta do trabalho lá, inclusive no filme é retratado perfeitamente o local e os líderes idiotas pedindo dicas de segurança), como se fosse um estilo de vida e não uma coisa forçada pela política econômica americana em sua estrutura de hipotecas que destruiu o sistema imobiliário. Há uma tentativa bem covarde no churrasco da irmã, mas parou bem longe do gol. A crítica existe, lógico, mas é muito tímida. No geral é um belíssimo filme.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

ME CHAME PELO SEU NOME

Título Original: Call Me by Your Name
Diretor: Luca Guadagnino
Ano: 2017
País de Origem: Itália
Duração: 132min
Nota:  7

Sinopse: Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman (Timothée Chalamet), um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa as férias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver (Armie Hammer), um charmoso estudante mais velho, chega para ajudar o pai de Elio em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre.
 
Comentário: Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Achei o filme muito superestimado, eu esperava bem mais pelo que já tinha ouvido falar, a primeira uma hora é só linguiça, um joguete bobo sem química nenhuma entre os dois personagens principais, depois que o romance engrena o filme até melhora, mas não convence. Muito aquém do amor arrebatador de O Segredo de Brokeback Mountain, por exemplo. Achei tudo muito vazio, tudo muito forçado. A direção e a entrega do elenco é o que o filme tem de melhor, muitas cenas funcionam, mas achei o filme americano demais, fico até sem graça de cadastrá-lo como italiano, pois de italiano tem só o diretor e a locação mesmo. Chalamet é uma graça, mas tão sem sal, realmente não vejo o que Hollywood vê tanto nele.  A melhor cena de longe é a conversa nos momentos finais com o pai, lindo demais aquilo, fez o filme crescer muito. A conversa no telefone foi das coisas mais sem sentido.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

DUAS SOLUÇÕES PARA UM PROBLEMA

Título Original: Dow Rahehal Baraye yek Massaleh
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1975
País de Origem: Irã
Duração: 5min
Nota:  8

Sinopse: Dois amigos se desentendem por conta de um caderno rasgado. Numa linguagem que se quer em princípio educativo, Kiarostami mostra que a ternura e a poesia são soluções para qualquer problema.

Comentário: Kiarostami era um mestre, quanto a isso só estou falando o óbvio. É impressionante como em cinco minutos ele consegue nos apresentar algo tão poético, fofo e didático ao mesmo tempo. Dá até para dizer que o Wes Anderson bebeu muito da fonte desse curta aqui, lembra muito seu estilo inconfundível. É um curta metragem de cinco minutos, então não dá para esperar demais, uma história ou qualquer tipo de interpretação, mas a ideia e a maneira que é conduzida foram simplesmente geniais. Vale a assistida.

terça-feira, 6 de junho de 2023

O MAR À FRENTE

Título Original: Albahr 'amamakum
Diretor: Ely Dagher
Ano: 2021
País de Origem: Líbano
Duração: 116min
Nota:  8

Sinopse: Depois de muito tempo distante, a jovem Jana retorna subitamente à Beirute. Ela se descobre reconectando-se com a vida familiar (porém estranha) que havia deixado para trás.

Comentário: Indicado ao Câmera de Ouro no Festival de Cannes. O grande trunfo do filme é a atriz, Manal Issa entrega uma excelente atuação e está maravilhosa. Apesar dos entraves na narrativa e de uma edição que deixou o filme meio estranho em seu andamento em relação aos personagens dos pais, eu gostei bastante em linhas gerais, o quadro depressivo da personagem que se sente um fracasso pelas cobranças sociais impostas e ter que encarar os próprios sonhos se esfacelarem com sonhos vazios de uma vida de plástico na Europa é algo muito próximo da minha realidade. Acho que não é um filme para todos, eu tive uma conexão com a personagem que talvez não funcione com uma grande maioria. O círculo que o filme dá de ligação entre seu começo e o final é ótimo (não darei spoilers) e um grande trunfo para elevar seu nível. Bela direção na parte técnica, há cenas lindas.