domingo, 31 de julho de 2022

LITTLE JOE

Título Original: Little Joe
Diretor: Jessica Hausner
Ano: 2019
País de Origem: Inglaterra
Duração: 105min
Nota:  7

Sinopse: Uma planta geneticamente modificada espalha suas sementes e parece causar mudanças incomuns nas criaturas vivas. Os aflitos parecem estranhos, como se fossem substituídos - especialmente para aqueles que estão próximos a eles. Ou é tudo apenas imaginação?
 
Comentário: Filme indicado a Palma de Ouro e que deu o prêmio de melhor atriz para Emily Beecham no Festival de Cannes. Não tem como assistir e não comparar com o Invasores de Corpos, e quando comparamos não tem como não enxergar que o filme está abaixo, mas isso não tira os méritos do mesmo. Há conveniências demais no roteiro, mas é interessante a estética e algumas discussões que aborda. se fossemos feliz deixaríamos de ser quem somos? O filme peca em ficar em cima do muro quando não deveria e de descer do muro quando deveria ficar lá em cima. Acho que podiam ter deixado mais aberto o lance do "será que tudo isso é real ou ela está ficando louca?", mas acho também que o filme devia ter decidido mais se queria ser um drama ou suspense. Falando assim, parece que o filme tem mais defeitos que acertos, mas também não é bem assim. Quanto ao prêmio de melhor atriz em Cannes, eu ainda acho que Noémie Merlant merecia mais naquele ano. A mensagem que fica é: muita coisa se resolveria melhor na vida com um coquetel molotov.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

GATO AMARELO

Título Original: Sary Mysyq
Diretor: Adilkhan Yerzhanov
Ano: 2020
País de Origem: Cazaquistão
Duração: 89min
Nota:  8

Sinopse: O ex-condenado Kermek e sua amada Eva querem deixar para trás suas vidas criminosas nos estepes do Cazaquistão. Ele tem um sonho: construir um cinema nas montanhas. O amor de Kermek por Alain Delon será forte o suficiente para mantê-los longe das garras violentas da máfia?

Comentário: Indicado para uma das premiações dentro do festival de Veneza, este filme conseguiu me cativar, talvez porque me remeteu em vários momentos ao filme Amor à Queima Roupa de Tony Scott. Há inúmeras referências, inclusive a trilha sonora composta por Ivan Sintsov e Alim Zairov serve como memória afetiva para quem cresceu vendo o filme americano, como eu. Mas engana-se quem achar que é um plágio simplesmente, o filme serve tanto como paródia como denúncia para a realidade no Cazaquistão, e vai se desenrolando com uma crueza e uma fábula que parece até dirigida por Terry Gilliam. Não vou dar spoiler, mas após ponderar dias sobre o desfecho, acho que foi bem satisfatório para a mensagem que o diretor queria passar. Talvez se o personagem principal não fosse tão lesado o filme renderia diálogos mais interessantes, mas as imagens compensam, e muito, esse deficit.

terça-feira, 26 de julho de 2022

EXPERIÊNCIA

Título Original: Tadjrebeh
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1973
País de Origem: Irã
Duração: 53min
Nota:  8

Sinopse: Mamad, um orfão de 14 anos, trabalha e dorme numa loja de fotografias, onde tem um patrão austero. Ele se apaixona por uma estudante mais velha de uma família de classe média, quando a vê na porta de casa.

Comentário: Alguns consideram este o primeiro filme de Kiarostami, porém é um média metragem segundo a classificação de outros países que consideram O Viajante. O fato é que Experiência trás vários elementos que estariam presentes neste período de formação do cineasta, que já havíamos visto em seus dois curtas anteriores (O Pão e o Beco / O Recreio) e que veríamos de novo como por exemplo no filme "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?", a infância e a visão do diretor sobre ela. Acho que este é o filme mais sombrio e triste nesse aspecto, nosso coração é partido em vários momentos e a realidade crua como nos é jogada incomoda de maneira proposital. Abbas Kiarostami era mestre, aqui não é diferente, Experiência não chega a ser algo essencial em sua filmografia, mas serve como peça inicial para aqueles que querem ampliar seu entendimento sobre o diretor.

domingo, 24 de julho de 2022

SOBRE A ETERNIDADE

Título Original: Om Det Oändliga
Diretor: Roy Andersson
Ano: 2019
País de Origem: Suécia
Duração: 76min
Nota:  9

Sinopse: Uma reflexão sobre a vida em toda sua beleza e crueldade, seu esplendor e banalidade. Entre um caleidoscópio da condição humana, o filme mistura o presente com o passado e nos conduz por diferentes histórias por meio de uma narração.
 
Comentário: Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza. Acho que por estar mais acostumado ao estilo do diretor, pude aproveitar muito mais este filme do que o seu anterior (Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre A Existência) que me pegou de surpresa. Adorei, consegui sentir diferentes sentimentos e reflexões ao longo do filme, que mantém a estética asséptica e extraordinária do diretor, como quadros em movimento que vamos assistindo em uma galeria de arte. Lógico que no meio de um turbilhão de histórias, vamos nos identificando mais com umas do que com outras, mas a genialidade do diretor vai até na duração do filme, que deixa o espectador com um gostinho de queria mais ao invés de adentrar em um clima cansativo. Teve momentos que ri muito, outros fiquei abalado, outros são lindos demais.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

MÃES PARALELAS

Título Original: Madres Paralelas
Diretor: Pedro Almodóvar
Ano: 2021
País de Origem: Espanha
Duração: 123min
Nota:  9

Sinopse: Em Madri, Espanha, duas mães dão à luz no mesmo dia. O longa segue suas vidas paralelas ao longo do primeiro e do segundo ano de criação dos filhos.

Comentário: Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde rendeu um prêmio de melhor atriz para Penélope Cruz. Achei o filme maravilhoso, pois consegue tratar de um tema meio batido em novelas latinas de um jeito como só o diretor consegue e ainda por cima fazendo um amaranhado de conexões com os fantasmas da Guerra Civil Espanhola. Penélope está mais linda do que nunca, essa mulher é que nem vinho, não é possível. Há um corte abrupto na resolução das coisas para o final que me incomodou um pouco, mas nada que a cena final não tenha arrumado, pois é de arrepiar a força dela. O filme teve um aspecto emocional sobre mim, pois um primo é o desaparecido político até hoje da ditadura militar brasileira e vi seus pais morrerem sem um desfecho, os irmãos o procuram até hoje. Almodóvar vem se revolucionando e se tornando cada vez mais necessário no cinema.