domingo, 31 de dezembro de 2023

AZOR

Título Original: Azor
Diretor: Andreas Fontana
Ano: 2021
País de Origem: Argentina
Duração: 100min
Nota: 8

Sinopse: Yvan De Wiel, banqueiro privado de Genebra, vai para a Argentina em meio a uma ditadura para substituir seu parceiro, objeto de rumores preocupantes, que desapareceu da noite para o dia.
 
Comentário: Indicado a uma premiação paralela no Festival de Berlim. Um filme muito bom, que talvez tenha um ritmo difícil para a maioria. Eu gostei bastante da construção da narrativa que lembrou a um livro de Graham Greene. O diretor, neto de um banqueiro como o do filme, quis revirar os porões indigestos familiares sem que fosse um filme biográfico e entrevistou muitas pessoas que ele classificou como abomináveis para que o filme fosse feito, quis mostrar o lado das pessoas vis desse passado terrível da Argentina. Para mim funcionou muito bem, mesmo que fique perdido sem saber de tudo o que está acontecendo, é exatamente isto que deixa o filme interessante. A direção, de um estreante, é competente até demais. Um filme para entender a vilania do capitalismo e como se constrói a falácia da meritocracia.

sábado, 30 de dezembro de 2023

AMOR PLENO

Título Original: To The Wonder
Diretor: Terrence Malick
Ano: 2012
País de Origem: EUA
Duração: 112min
Nota: 10

Sinopse: Depois de se apaixonarem em Paris, Marina e Neil chegam a Oklahoma, onde surgem problemas. O pastor espanhol de sua igreja luta com sua fé, enquanto Neil reencontra uma mulher de sua infância.
 
Comentário: Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Eu amo o Malick, é o meu diretor de cinema americano preferido, confesso que quando assisti ao filme em seu lançamento no cinema ele tenha me arrebatado mais do que nesta segunda vez que o assisti, porém não lembro se na época toda a minha euforia pelo filme tenha vindo depois de uns dias de assistir como agora. Fiquei pensando que apesar de ouvirmos os pensamentos dos personagens por todo o filme, no fundo não sabemos o que eles estão pensando em seu íntimo. Tudo é exteriorização. O que os move, o que os faz sofrer, o que eles estão pensando e escondendo um dos outros continua intacto dentro deles e isso é sublime. Bem, não preciso falar da direção de arte do Emmanuel Lubezki, né? Não existe no cinema dupla mais perfeita que Malick/Lubezki. Impressionante o desenrolar lento (coisa que a geração TikTok tem pavor) com cenas tão curtas. Olga Kurylenko brilha em cada segundo que aparece e apesar do personagem do Bardem parecer deslocado, é dele as melhores reflexões. Continua lindo e nota máxima para mim. Considero este a primeira parte de uma trilogia nesse estilo do diretor, seguido pelo Cavaleiro de Copas e do De Canção em Canção.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

A HORA DO AMOR

Título Original: Beröringen
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1971
País de Origem: Suécia
Duração: 115min
Nota: 4

Sinopse: Arqueólogo americano, trabalhando na Suécia, se apaixona pela mulher do médico local e os dois mantém um caso de amor. Ela fica sem saber se prefere a liberdade ou a segurança do casamento.
 
Comentário: Eita filminho ruim do Bergman, hein? Não acho que consegue ser pior do que o "Isto Não Aconteceria Aqui", mas para mim ficou na segunda posição do pior filme que vi do diretor. A cena inicial no quarto de hospital é linda, também há lances de câmera e coisas que funcionam. Cenas em que Bibi Andersson está sozinha (ela escolhendo a roupa para sair, por exemplo) ou algumas ponderações do personagem de Von Sydow. De resto, o filme é sofrível, uma relação que não faz o menor sentido, nunca vi alguém se apaixonar depois daquele sexo ruim. O personagem do Elliott Gould é um escroto babaca e não há em todo filme uma cena em que eles realmente pareçam apaixonados, não há um diálogo marcante, não é uma relação. O final abrupto dá um tom de filme inacabado. Só vale pela direção do Bergman mesmo, há tomadas lindíssimas. Tive que assistir em duas partes de tão ruim que estava fluindo. Um filme ruinzinho, como diz a música "Sexo Ruim" da banda Tropical Nada: "Uau, pouca coisa boa"

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

FECHAR OS OLHOS

Título Original: Cerrar los Ojos
Diretor: Víctor Erice
Ano: 2023
País de Origem: Espanha
Duração: 162min
Nota: 10

Sinopse: Um ator espanhol desaparece durante as filmagens de um filme. Embora seu corpo nunca tenha sido encontrado, a polícia conclui que ele sofreu um acidente à beira de um penhasco. Muitos anos depois, o mistério retorna aos dias atuais.
 
Comentário: Filme que teve sua estreia no Festival de Cannes fora de competições. Começando agora a assistir aos filmes do ano de 2023 já posso dizer que este conseguiu superar o Céu Vermelho do Petzold na primeira posição. Que filmaço! Amei tudo, que roteiro bem escrito, cheio de detalhes (a epígrafe do Paul Nizan no livro do personagem principal praticamente preenche um monte de lacunas). Um amigo me indicou o filme dizendo que lembrou de mim por toda a película, fui correndo assistir e realmente minha identificação com o personagem do diretor é fulminante, até o cachorro dele remete ao meu falecido Truffaut. O filme simplesmente me arrebatou e digo que foi uma das melhores coisas que assisti nos últimos anos. É o que o cinema contemporâneo tem de melhor, por isso que jamais concordarei com o Greenaway de que o cinema está morto. Não conhecia o diretor e já quero assistir tudo dele. Não vou dar mais detalhes senão estrago o filme para quem for assistir.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A MORTE DO CINEMA E DO MEU PAI TAMBÉM

Título Original: Moto Shel Hakolnoa Ve Shel Aba Sheli Gam
Diretor: Dani Rosenberg
Ano: 2020
País de Origem: Israel
Duração: 105min
Nota: 8

Sinopse: Um pai e um filho tentam congelar o tempo através do cinema, mas a doença do pai ameaça interromper o processo.
 
Comentário: Um dos indicados a Palma de Ouro no Festival de Cannes que não ocorreu devido a pandemia. O filme é muito bom, adoro esses diálogos metalinguísticos no cinema, a edição do filme funciona muito bem entre o que é o filme dentro do filme com o que é real. Diria até que talvez merecesse até uma nota melhor, mas eu não consigo ignorar o fato de ser um filme que mostra um povo vivendo de boa sob o governo sionista, não dá para não pensar que ali do lado os palestinos mal tem energia elétrica e água potável enquanto os israelenses vivem suas vidas burguesas. Tentando ignorar este fato e me focando no filme, a atuação de Marek Rozenbaum como Yoel é estupenda e merecia ser premiada, dá um show. O filme cria um diálogo muito interessante sobre o tempo, o envelhecimento e a família. Merecia mais destaque, o diretor é competente, vi um tom de crítica ao clima alarmista e histérico que deve ser viver em Israel quando ele trata de uma suposta guerra com o Irã, mas é tudo muito sutil. Um belo filme, mas que seria muito melhor com as críticas ao sionismo do diretor Nadav Lapid, por exemplo, porque espaço tinha de sobra para isso. Apesar de tudo, gostei bastante, e me emocionou.

domingo, 24 de dezembro de 2023

ANDARILHOS DO DESERTO

Título Original: Al Haimoune
Diretor: Nacer Khemir
Ano: 1984
País de Origem: Tunísia
Duração: 96min
Nota: 9

Sinopse: Um professor é designado para uma vila remota no deserto, obcecada por um misterioso tesouro enterrado e cujos filhos são amaldiçoados a vagar pelo deserto.
 
Comentário: Que filme! Parecia que eu estava lendo algo do Italo Calvino. Tudo no filme que não funciona é fruto de nossa ignorância e desconhecimento total da cultura árabe. É um filme de referências, cheio de lendas e fáculas daquele povo que para nós parece tão distante. O filme tem uma fotografia ímpar e constrói dentro de si mesmo outras fábulas que conversam com o mundo contemporâneo e que servem tanto como críticas como análises. Os andarilhos do deserto do filme são tão diferentes dos filhos que precisam migrar para outras terras para conseguir sustento nos dias de hoje? Acho que não. Depois de ver este filme ler As Mil e uma Noites subiu para o topo das minhas prioridades.

sábado, 23 de dezembro de 2023

A DUPLA VIDA DE VÉRONIQUE

Título Original: La double vie de Véronique
Diretor: Krzysztof Kieślowski
Ano: 1991
País de Origem: França
Duração: 97min
Nota: 10

Sinopse: Duas histórias paralelas sobre duas mulheres idênticas; uma morando na Polônia e outra na França. Elas não se conhecem, mas suas vidas estão profundamente conectadas.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Melhor Atriz e do Prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. Para mim é um pecado muito grande terem dado a Palma de Ouro para o Barton Fink, este filme é muito superior e parece ter envelhecido como vinho. É um filme sensorial, muito mais do que narrativo, apesar da narrativa estar ali presente, como coadjuvante. É tudo tão real e ao mesmo tempo tão fantástico que é difícil descrever. Apesar da referência para o Amélie Poulain ser real, também não acho tanto assim. Acho que não deve agradar uma geração Netflix acostumada a filmes mastigados enfiados em catálogos pré-fabricados diretos em seus cérebros. Tudo no filme funcionou para mim, da fotografia à música, do elenco (Irène Jacob é uma das mulheres mais maravilhosas do mundo) ao roteiro e, principalmente, o sentimento doce e amargo que fica.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

ARCA RUSSA

Título Original: Russkiy Kovcheg
Diretor: Aleksandr Sokurov
Ano: 2002
País de Origem: Rússia
Duração: 99min
Nota: 8

Sinopse: Um aristocrata francês do século XIX, conhecido por suas memórias contundentes da vida na Rússia, viaja pelo Museu Hermitage de São Petersburgo e encontra figuras históricas dos últimos 200 anos.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme impressiona em vários aspectos, e por mais que deixe a gente boiando por não conhecer tão bem as personalidades históricas russas, é preciso tirar o chapéu para toda a ideia do filme. Fiquei imaginando um filme assim com personagens da literatura russa, que sou fã, o deleite que não seria. O fato de ser todo filmado em plano sequência é um dos pontos que fazem o filme crescer bastante, há momentos que funcionam melhores que outros, mas a grandiosidade do filme ofusca qualquer defeito. Com certeza é um filme que vai melhor muito em uma segunda assistida depois de um estudo histórico sobre o período em que se passa. O Hermitage é um personagem a mais e vai ganhando espaço conforme o filme vai se desenrolando. É uma experiência bem diferente, acho que vale a pena nem se for só para contemplar, esquecer a parte narrativa.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

BELFAST

Título Original: Belfast
Diretor: Kenneth Branagh
Ano: 2021
País de Origem: Irlanda do Norte
Duração: 98min
Nota: 4

Sinopse: Escrito e dirigido por Kenneth Branagh, este filme semiautobiográfico traça a infância de um menino durante o tumultuado final dos anos 1960, na capital da Irlanda do Norte.
 
Comentário: Eu fico imaginando se daqui há alguns anos a gente vai ver um filme sobre uma família de judeus vivendo em Israel que discutem se devem partir pela violência que anda o país com seu povo atacando os palestinos. Pois é exatamente este o plot deste filme, sem aprofundamento nenhum sobre as razões que levaram aos conflitos que já existiam antes e que só foram parar em 1998, naquilo que os irlandeses chamam de "A Guerra que a Inglaterra Não Ganhou". A família central do filme são de família inglesa, que apoiam a ocupação do trono inglês em território irlandês, que tem trabalho e proposta boa para partir para a Inglaterra, enquanto os católicos nativos da ilha são os colonizados. Estamos vendo de novo esta história, tinha até o I.R.A. que era taxado de grupo terrorista pela mídia ocidental. O filme é cheio de vazios, um protagonista bonitinho com uma história para lá de clichê. A frase de efeito no final chega a ser um tapa na cara dos "irlandeses que ficaram", como se eles tivessem para onde ir ou como se tivessem escolha com o que a Inglaterra fez com eles. Achei o filme de um mal gosto tremendo. Não é ruim de assistir, passa até que gostoso o tempo, mas quando analisamos friamente é um filme bem ruinzinho.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

FÅRÖ 1969

Título Original: Fårö Dokument
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1970
País de Origem: Suécia
Duração: 58min
Nota: 7

Sinopse: Primeiro documentário de Ingmar Bergman, realizado em 1969 após construir sua casa na Ilha de Farö, no Mar Báltico. Produzido para a TV sueca, investiga o cotidiano dos moradores da ilha e as razões políticas e sociais de seu despovoamento.
 
Comentário: O documentário é bom, é interessante como Bergman consegue nos apresentar a vida local amaranhada com a história do local. Hoje, Fårö, tem ainda menos habitantes do que na época, e acho que é compreensível, porque eu realmente não entendo a pessoa querer morar em um local com um clima tão ruim. Moro na Inglaterra e não vejo a hora de nunca mais ter que encarar as condições climáticas daqui, Fårö parece ser ainda pior. A gente fica curioso sobre o destino de personagens apresentados, o diretor fez outro documentário sobre o local 10 anos depois e irei conferir com certeza. Morei na Alemanha em uma fazenda aonde tinha abate de animais, virei vegetariano desde então, confesso que as cenas apresentadas aqui me incomodaram. Tem que ter estômago.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

DAS PROFUNDEZAS

Título Original: Il Buco
Diretor: Michelangelo Frammartino
Ano: 2021
País de Origem: Itália
Duração: 93min
Nota: 8

Sinopse: Em agosto de 1961, um grupo de espeleólogos se dirigiu ao sul da Itália para explorar cavernas desconhecidas pelo homem e descobre a segunda mais profunda do mundo.
 
Comentário: Vencedor do Prêmio Especial do Juri no Festival de Veneza. É um filme contemplativo, não há um fio narrativo, então acho que tem que estar no clima. Confesso que teve momentos que senti que não funcionou comigo, mas quando terminou fiquei pensando em várias maneiras diferentes de se ver o filme e fui gostando mais e mais dele. Acho que não estava preparado para o que ia ver e me deixou meio dividido, porém devo assistir de novo no futuro e acredito que vai funcionar mais, já que depois de ter assistido parece que o filme foi crescendo dentro de mim, criando reflexões que foram surgindo como a cada novo nível da caverna do filme. É bem interessante, valeu a assistida, mas é daqueles que não recomendo para qualquer um, é daqueles que é preciso um nível de entrega que pouquíssimas pessoas tem, por estarem acostumadas com um cinema mais feijão com arroz.

domingo, 10 de dezembro de 2023

GAZA MON AMOUR

Título Original: Gaza Mon Amour
Diretores: Arab Nasser & Tarzan Nasser
Ano: 2020
País de Origem: Palestina
Duração: 87min
Nota: 8

Sinopse: Após encontrar uma antiga estátua de Apolo em suas redes, um pescador de 60 anos começa a se sentir mais confiante para se aproximar de Siham, uma mulher que trabalha com sua filha no mercado por quem nutre um amor secreto.
 
Comentário: Indicado em uma das premiações paralelas no Festival de Veneza. Um filme gostoso de assistir, mas sem deixar de lado as críticas sociais que a Palestina vive hoje por conta do cerco imposto pelo estado terrorista de Israel. Mesmo com toda a aura de apartheid que vivem, a vida segue e é isto o que o filme tenta mostrar. Há situações cômicas envolvendo a estátua de Apolo, assim como há o romance tímido entre os protagonistas, os personagens vão se desenvolvendo de maneira muito simples, mas eficiente durante o filme. Acho que no geral entrega o que propõe, não é um filme que tenta ser grandioso, mas sim entreter sem ser vazio. Há cenas tão pequenas, que parecem sem importância, mas que carregam muito significado. Vale a conferida.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

QUO VADIS, AIDA?

Título Original: Quo Vadis, Aida?
Diretor: Jasmila Zbanic
Ano: 2020
País de Origem: Bósnia e Herzegovina
Duração: 104min
Nota: 10

Sinopse: Aida é tradutora da ONU na pequena cidade de Srebrenica durante a guerra que assolou os Balcãs na década de 90. Quando o exército dos sérvios invadem a cidade, sua família está entre os milhares de cidadãos que buscam refúgio.
 
Comentário: Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, na minha opinião merecia o prêmio, mas o assunto é algo que o mundo europeu cristão quer fingir que não ocorreu. Sou um grande crítico da ONU e neste filme é possível ter um gostinho a respeito deste assunto, apesar do filme não explicar o porque nada foi feito contra os sérvios, que eram a esperança americana contra a Iugoslávia, último reduto socialista na Europa depois da queda da União Soviética. Não vou me estender de como a ONU vem desde sua criação seguindo uma agenda dos EUA e seus aliados. O filme é construído de uma maneira muito foda, o desenrolar é espetacular e o elenco é só a cereja no bolo. O filme te deixa mal, te deixa pensando por semanas, meses e quem sabe até anos. Uma história que é só um pequeno detalhe do horror que foi o massacre de assolou os Balcãs na década de 90. Um filme necessário, que o mundo ocidental tenta varrer para baixo do tapete (vide o prêmio Nobel de literatura dado em 2019 para o Peter Handke que finge que exatamente o genocídio mostrado neste filme nunca aconteceu). Srebrenica não deve ser esquecida, é só mais um genocídio na conta da sociedade ocidental eurocentrista cristã do bem.

sábado, 2 de dezembro de 2023

O RELATÓRIO

Título Original: Gozaresh
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1977
País de Origem: Irã
Duração: 109min
Nota: 6

Sinopse: A vida de um cobrador de impostos que é acusado de aceitar subornos, e também tem de lidar com outros problemas em casa.
 
Comentário: Um filme menor e diria até que meio fora da curva do diretor, onde o personagem principal só me deixou com asco. O cara simplesmente não vale nada e é só um desses babacas que orbitam o mundo masculino de uma forma geral até hoje. O filme não tem uma narrativa que te prenda, mas é feito de momentos e tem alguns diálogos excelentes que valem a pena, que é onde você o percebe como uma obra do Kiarostami. Fiquei com dó da criança que é largada no carro no frio, leva uma mala na cara e é deixada de lado toda hora. Fiquei apreensivo. Shohreh Aghdashloo novinha de tudo, linda demais e é quem carrega o filme de certa maneira.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

AS OITO MONTANHAS

Título Original: Le Otto Montagne
Diretores: Felix van Groeningen & Charlotte Vandermeersch
Ano: 2022
País de Origem: Itália
Duração: 147min
Nota: 9

Sinopse: Uma jornada épica de amizade e autodescoberta nos incríveis Alpes italianos, As Oito Montanhas segue ao longo de quatro décadas o profundo e complexo relacionamento entre Pietro e Bruno.
 
Comentário: Vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes. O filme é bem gostoso de assistir, o tempo vai passando e você se envolve com a história. O diretor podia deixar um pouco mais claro os períodos temporais, a cena em que o pai escuta uma partida de futebol do Juventus no carro eu identifiquei que se passa entre 2004 à 2006 porque o Cannavaro estava no time. Então provavelmente até o final do filme vemos bastante os destroços de uma Itália pós-crise de 2008. Há cenas lindíssimas e o filme consegue segurar o emocional sem cair no pedantismo. Um filme que merece ser visto e que deve agradar um público amplo. Direção e elenco espetaculares. Mesmo muita coisa não seguindo como a gente gostaria durante todo o filme, acho que emula bem a vida, que nem sempre segue nossos planos.