quarta-feira, 31 de julho de 2024

UMA LUZ NA NEBLINA

Título Original: Cheraghi Dar Meh
Diretor: Panahbarkhoda Rezaee
Ano: 2008
País de Origem: Irã
Duração: 104min
Nota: 4

Sinopse: Rana e o pai vivem sozinhos e ganham a vida consertando lamparinas e fazendo carvão em uma casa rústica em um local perdido no Irã. O pai sugere que ela se case com Rahmat, um vizinho distante.

Comentário: O filme é experimental demais, não funcionou muito comigo. Há cenas lindas, mas ao mesmo tempo há cenas que não conseguem captar a beleza do norte do Irã. O filme foi feito na cidade de Mazandaran, que eu não conheço, entendo que a neblina faz parte da narrativa no contexto de que os personagens trabalham com lamparinas e carvões (algo que gera luz), mas há lugares maravilhosos no norte do Irã que tornariam o filme mais palatável, pelo menos no que diz respeito a contemplação: Chalous, Ramsar ou Rasht, por exemplo. Não sou muito o público para essas coisas experimentais, gosto de narrativa, diálogos, história. Esperava algo mais.

terça-feira, 30 de julho de 2024

DA VIDA DAS MARIONETES

Título Original: Aus Dem Leben der Marionetten
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1980
País de Origem: Alemanha
Duração: 104min
Nota: 8

Sinopse: Peter Egerman é um executivo bem sucedido que vive um casamento conturbado com Katarina. Dias depois de ter um sonho no qual mata a esposa, Peter sai com uma prostituta e a mata. Qual seria a explicação dessa tragédia?


Comentário: Um filme fora da curva do cineasta, achei muito bom pela maneira que a narrativa consegue contar a história. Temos o evento principal no início e depois os flashbacks do passado indo de um tempo distante se aproximando do evento e flashforwards sendo apresentados de uma maneira se afastando do evento principal para o futuro. O elenco é competente, a mão do Bergman nunca falha, porém o final me pareceu muito leviano, os motivos apresentados pelo psiquiatra não convencem da maneira que deveria, acho que não precisava explicar tão mastigado tudo, o bom do Bergman é deixar esse tipo de coisa no ar para ser interpretada de diferentes maneiras pelos telespectadores. Um filme que receberia uma nota menor se comparasse só entre as obras do diretor, mas que funciona se não comparar tanto.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

EM SEGREDO

Título Original: Grbavica
Diretora: Jasmila Zbanic
Ano: 2006
País de Origem: Bósnia e Herzegovina
Duração: 90min
Nota: 7

Sinopse: Mulher e filha adolescente vivem em Sarajevo, no pós-guerra dos Balcãs. Assim como a cidade, tentam reconstruir suas vidas depois da violência que sofreram. A menina pensa que seu pai é um herói de guerra, mas a verdade sobre ele vem à tona.


Comentário: Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Confesso que esperava mais, já que o outro filme que assisti da diretora (Quo Vadis, Aida?) é um dos filmes mais arrebatadores que assisti na minha vida. É muito inferior ao filme mais recente da diretora, há cenas e narrativas que funcionam muito bem, mas há coisas que parecem perdidas e que não acrescentam nada. Filme de estreia da Luna Zimic Mijovic, que chegou até a quebrar a perna fazendo a cena da briga no futebol, ela realmente um dos pontos altos. A história do filme tem muito haver com alguém que me envolvi na minha vida, por isso acho que me tocou mais do que a maioria dos espectadores. O "segredo" do filme é muito óbvio desde o começo, portanto achei desnecessário deixar a revelação só para o final, podiam ter trabalhado mais o debate de tudo. Um bom filme, já mostrava a competência que a diretora iria atingir.

domingo, 28 de julho de 2024

UM COPO DE CÓLERA

Título Original: Um Copo de Cólera
Diretor: Aluizio Abranches
Ano: 1999
País de Origem: Brasil
Duração: 70min
Nota: 7

Sinopse: O tórrido caso de amor entre um homem que vive isolado do mundo, em seu sítio perto de São Paulo, e uma jornalista politicamente engajada. Tudo vem abaixo quando ele tem um ataque de cólera ao notar que as formigas saúvas fizeram um rombo na sua cerca viva.

Comentário: Achei que é um bom filme, galera diz que o que vale é a cena de sexo, mas achei muito mais interessante a verborragia da discussão, que tem momentos que é difícil acompanhar para onde o casal está levando, mas que faz nosso cérebro desencadear um monte de pensamentos malucos tentando entender. Não estava gostando da atuação no começo, mas o negócio vai se desenvolvendo muito bem até um show de ambos os atores (mas a Julia Lemmertz é foda demais, um espetáculo da natureza da atuação). Talvez se tivesse um texto um pouco menos literário funcionasse melhor, pudesse trazer um pouco mais de realismo e proximidade com o público. Um filme que termina muito rápido, acho que tinha mais pano para a manga.

sábado, 27 de julho de 2024

TÁXI TEERÃ

Título Original: Taxi
Diretor: Jafar Panahi
Ano: 2015
País de Origem: Irã
Duração: 81min
Nota: 8

Sinopse: Jafar Panahi foi proibido de fazer filmes pelo governo iraniano. Ele finge ser um motorista de táxi e faz um filme sobre os desafios sociais no Irã.

Comentário: Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Assisti dois dias depois de voltar de Teerã, lugar que eu amo, fiquei procurando lugares conhecidos ao fundo sem sucesso. Provavelmente foi filmado em partes afastadas da cidade, porque o trânsito está muito leve. Panahi é um gênio, mas apesar do filme ser muito bom, não dá para comprar a ideia de um documentário. O filme foi feito com atores amadores que não foram identificados para que não tivessem problemas com o governo, já que o diretor estava proibido de filmar. Há cenas que transmitem um realismo e outras que há uma encenação plástica descarada. Nunca estive em Teerã em 2015, quando foi filmado, mas de cinco anos atrás para cá eu nunca vi um táxi pegando pessoas diferentes pelo caminho, o que faz o filme parecer um produto para ser vendido ao mercado internacional com uma visão não tão realista. Mas é essa fábula imaterial que faz o filme funcionar também, como as senhoras que carregam os peixes. Um típico filme do diretor, confesso que preferi muito mais o 3 Faces ou o Sem Ursos dele, mas este não deixa de manter o nível. A sobrinha dele no filme fazendo o papel dela mesma é o ponto mais alto, o talento parece estar na genética da família Panahi. Faz dias que estou longe de Teerã e a saudades só aumenta, contando os dias para voltar.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

MINHA MÃE

Título Original: Mia Madre
Diretor: Nanni Moretti
Ano: 2015
País de Origem: Itália
Duração: 107min
Nota: 9

Sinopse: Margherita (Margherita Buy) é uma diretora de cinema que está prestes a iniciar as filmagens de seu novo longa-metragem, que será protagonizado pelo galanteador astro internacional Barry Hughins (John Turturro). Paralelamente, ela precisa lidar com vários problemas em sua vida pessoal, como o fim de um relacionamento e a doença da mãe (Giulia Lazzarini), que está internada no hospital.

Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Segundo filme que assisto do diretor e novamente ele consegue me arrebatar, que filmaço! Todo o elenco está simplesmente fantástico, inclusive o diretor que eu adoro ver atuando, Turturro contagiante, mas são os papéis femininos de mãe e filha que são o coração do filme. Faz a gente refletir sobre muita coisa e no final eu derramei lágrimas sem imaginar que o filme iria conseguir me tocar tanto assim, pois vai fluindo sem todo aquele clichê que existe em histórias desse tipo. Toda a discussão social, importante, fica em segundo plano para a contemplação da alma humana, da vida e da morte. Moretti consegue mais uma vez fazer um dos melhores filmes do ano sem se vender ao cinema pipoca. Recomendo para qualquer um.