terça-feira, 13 de maio de 2025

MIGALHAS

Título Original: Crumbs
Diretor: Miguel Llansó
Ano: 2015
País de Origem: Etiópia
Duração: 71min
Nota: 8

Sinopse: 
 
Comentário:

segunda-feira, 12 de maio de 2025

AS AVENTURAS DE UMA FRANCESA NA CORÉIA

Título Original: Yeohaengjaui Pilyo
Diretor: Hong Sang-soo
Ano: 2024
País de Origem: Coréia do Sul
Duração: 90min
Nota: 7

Sinopse: 
 
Comentário:

domingo, 11 de maio de 2025

A MÃO

Título Original: The Hand
Diretor: Oliver Stone
Ano: 1981
País de Origem: EUA
Duração: 104min
Nota: 9

Sinopse: 
 
Comentário:

sábado, 10 de maio de 2025

MUSA

Título Original: Muse
Diretor: Paweł Pawlikowski
Ano: 2025
País de Origem: Polônia
Duração: 6min
Nota: 8

Sinopse: Uma luta pelo poder entre um pianista e sua musa desobediente se transforma em um assassinato.
 
Comentário:

sexta-feira, 11 de abril de 2025

NA ÁGUA

Título Original: Mul-an-e-seo
Diretor: Hong Sang-Soo
Ano: 2023
País de Origem: Coréia do Sul
Duração: 61min
Nota: 7

Sinopse: Um jovem ator decide desistir de atuar e fazer um curta-metragem. A pequena equipe composta pelo próprio ator, o cinegrafista e a protagonista chegam à ilha rochosa e varrida pelo vento de Jeju.
 
Comentário: Indicado para uma premiação paralela no Festival de Berlim. Sang-soo tem filmes que me pegam de algum jeito e outros que simplesmente não funcionam comigo. Este foi estranho, no início simplesmente estava na última categoria, mas ele vai crescendo e no final conseguiu me agradar em vários aspectos. Fez eu pensar em várias coisas sobre a minha própria vida. Não gostei da imagem desfocada usada o tempo todo, não deixa de ser interessante essa ideia do diretor de ir fazendo experimentos com seus filmes de ir tirando de suas películas elementos considerados essências (ao ponto de chegar aqui desfocando até a imagem), mas não achei algo que fosse necessário. Não é um filme para qualquer um, mesmo sendo curtíssimo, diria para passar longe se não conhece o diretor, há filmes dele melhores para se iniciar em sua filmografia.

terça-feira, 11 de março de 2025

O BALDE

Título Original: Yi Ge Tong
Diretor: Jia Zhang-ke
Ano: 2019
País de Origem: China
Duração: 6min
Nota: 7

Sinopse: Preocupada com o retorno de seu filho para a cidade, após o Ano Novo Chinês, uma mãe lhe prepara um presente a ser transportado em um misterioso e pesado balde.
 
Comentário: Curta metragem simples em que o diretor retrata símbolos importantes para o povo chinês como o respeito a família, tradições e a resiliência. Mas o que mais chama a atenção nos poucos 6 minutos é que tudo é filmado utilizando um iPhone XS, e as imagens que o diretor consegue capturar utilizando este aparelho (que é o mesmo qe eu tenho) são impressionantes. Eu nunca consegui tirar nem sequer uma única foto que chegue aos pés de um segundo deste curta. Jia Zhang-ke é um diretor que estou começando a mergulhar na obra agora e confesso que já estou absolutamente maravilhado com ele.

segunda-feira, 10 de março de 2025

MOTEL DESTINO

Título Original: Motel Destino
Diretor: Karim Aïnouz
Ano: 2024
País de Origem: Brasil
Duração: 115min
Nota: 8

Sinopse: Sob o céu em chamas em uma beira de estrada do litoral cearense, o Motel Destino é palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo transforma em definitivo o cotidiano do local.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Karim Aïnouz está entre meus diertores favoritos contemporâneos, este pode não estar entre seus melhores filmes, mas ainda assim carrega uma força enorme em vários aspectos. Os personagens são ótimos, Fábio Assunção e Nataly Rocha dão um show. Apesar de uma interpretação apática do protagonista Iago Xavier, acho que convém com o personagem. A história é simples e caminha para um anticlímax que ao meu ver, apesar de não parecer ideal, funcionou. É gostoso de assistir, entretêm sem precisar ser muito profundo como outros filmes do diretor.

terça-feira, 4 de março de 2025

CARICATURA

Título Original: Caricaturana
Diretor: Radu Jude
Ano: 2021
País de Origem: Romênia
Duração: 9min
Nota: 6

Sinopse: Inspirado em uma ideia do diretor soviético Sergei Eisenstein, Radu Jude folheia silenciosamente litografias satíricas do artista francês Honoré-Victorin Daumier. Em seguida, os textos originais das caricaturas são lidos. Por fim, as caricaturas são usadas como comentários para notícias reais.
 
Comentário: A ideia foi ótima, mas o diretor perde mais de metade do curta até chegar no que realmente importa, e aí sim vale a pena. Dos nove minutos, apenas os dois minutos finais vale a pena e realmente e negócio fica bem engraçado até o final onde ele escracha do seu jeito habitual. Acho que podia ter passado mais rápido pelas figuras em silêncio (ou colocado pelo menos uma música) e se demorado mais na construção dos diálogos que são feitos com elas. Você dispersa até chegar na parte que te prende. Mas vale a pena a assistida, Radu Jude é sempre (no mínimo) interessante.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

DEZ

Título Original: Dah
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 2002
País de Origem: Irã
Duração: 89min
Nota: 9

Sinopse: Um teste social visual na forma de dez conversas entre uma motorista e seus vários passageiros.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Quando o filme terminou eu dei uma nota 8, mas só depois eu descobri que tudo é roteirizado e o filme cresce mais com isso, pois é impressionante o trabalho dos atores. Amin Maher, o garoto que interpreta o filho dá um show de interpretação e irrita demais (hoje ele é um trans-ativista que prefere ser chamado de Amina e mora em Berlim). Todo o diálogo, tudo o que vai sendo criado em torno dos pedaços de histórias que vão passando pelo carro, só mostra mais e mais como Kiarostami era um gênio. No IMDB o filme consta apenas com Abbas Kiarostami como diretor, em outros lugares coloca a atriz principal Mania Akbari como co-diretora também. Há vários momentos e várias camadas sobre a sociedade do Irã em cada diálogo, inclusive o pragmatismo em que a motorista enxerga algumas coisas (acredite, sou casado com uma iraniana). Mas acho que é unânime que a cena com a última mulher é a melhor de todo o filme e emociona. O filme foi banido no Irã por anos pelo teor contestador.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

LADRÃO DE SONHOS

Título Original: La Cité des Enfants Perdus
Diretores: Marc Caro & Jean-Pierre Jeunet
Ano: 1995
País de Origem: França
Duração: 112min
Nota: 10

Sinopse: Um cientista de uma sociedade surrealista rapta crianças para roubar seus sonhos, na esperança de que eles desacelerem seu processo de envelhecimento.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Eu simplesmente adoro este filme, ele marcou demais minha adolescência. Os diretores criam este mundo estranho com uma maestria ímpar, tudo funciona tão bem para mim, mesmo sem explicar tudo, há muito a ser explicado em diálogos e detalhes ao longo da película, é preciso assistir com atenção. Discordo completamente de detratores que tentam dizer que o filme coloca o relacionamento dos personagens principais como "pedófilo", em nenhum momento One sexualiza Miette, inclusive a chama de "irmãzinha", e a paixão platônica que ela tem por ele é tão comum em crianças que até parece que ninguém nunca teve isso por alguma professora da escola ou algo do tipo. A fotografia é linda demais, um filme divertido com atuações excelentes. Lembro que quando O Fabuloso Destino de Amélie Poulain estreou no cinema fui correndo assistir por conta deste filme. Trilha sonora maravilhosa do Angelo Badalamenti.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

GOLEM

Título Original: Golem
Diretor: Piotr Szulkin
Ano: 1980
País de Origem: Polônia
Duração: 94min
Nota: 9

Sinopse: Pernat se encontra em um interrogatório policial, acusado de um assassinato, e incapaz de se lembrar de quaisquer detalhes do crime, ou mesmo de sua própria vida. Ele é libertado de volta a um mundo de lunáticos delirantes e dentistas perturbados, médicos assassinos e cientistas que acreditam que o segredo da criação humana está dentro das paredes de um forno de ferro fundido.
 
Comentário: Segundo filme que assisto do Piotr Szulkin e confesso que estou maravilhado com este cara. A direção dele é fantástica, as imagens são tão vivas que não parece um filme feito há mais de 40 anos. Li o livro do Gustav Meyrink faz uns dois anos e a narrativa é tão intrincada (para não dizer confusa) como no filme, mas não pense que essa confusão que causa do leitor (ou no espectador aqui) é por ter uma narrativa falha, muito pelo contrário. Ela causa sensações na gente assim como no personagem, que está tão confuso como a gente, e vamos entrando nessa montanha russa de sentimentos junto com ele. Achei o filme excelente, consegue dialogar com aquele mundo de 1980 assim como consegue dialogar com o mundo de hoje, o que faz da obra atemporal, e isto é muito difícil. Uma bela obra de arte. Marek Walczewski está excelente no papel principal e Krystyna Janda deslumbrante como sempre.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

DAHOMEY

Título Original: Dahomey
Diretora: Mati Diop
Ano: 2024
País de Origem: Benin
Duração: 68min
Nota: 8

Sinopse: A jornada de 26 tesouros reais saqueados do Reino de Dahomey exibidos em Paris, que agora estão sendo devolvidos ao Benin. A diretora Mati Diop expressa artisticamente as demandas de uma nova geração.
 
Comentário: Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim. Confesso que esperava mais, acho que o maior defeito do filme é sua curta duração, acho que a diretora perdeu um tremenda oportunidade de contar mais em sua película. As narrativas em off da estátua combinaram perfeitamente com o pano de fundo da discussão que o filme levanta, mas que podia ser usado para contar mais sobre o antigo Reino de Dahomey (ou Daomé em português) que perdurou por mais de 300 anos e foi destruído pela ação do colonialismo no começo do século XX. O fato do país receber apenas 26 artefatos de volta é importantíssimo, mas para quem assiste fica tudo meio perdido sem a história por trás desta cultura que foi destruída e que podia ser mais trabalhada em mais uns vinte minutos, pelo menos. De resto é ótimo, a discussão dos estudantes, as imagens e o impacto que isto tem no Benin até hoje. Muito importante falar de colonialismo em um mundo onde vemos Israel ao vivo na TV fazendo o que a Europa fez com a África, que paga o preço até hoje.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

LEVADOS PELAS MARÉS

Título Original: Feng Liu Yi Dai
Diretor: Jia Zhang-ke
Ano: 2024
País de Origem: China
Duração: 111min
Nota: 8

Sinopse: Anos depois que seu namorado a deixou para ir para a cidade grande e prometeu levá-la para lá depois que ele se estabelecesse, uma mulher parte em uma jornada para se reunir com ele.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro em Cannes. A narrativa do filme é bastante inovadora, estava perplexo de como era possível o diretor ter filmado algo hoje com tantos detalhes que parecesse ter sido filmado em cada época mostrada no filme, mas descobri que ele utilizou arquivos de gravações de projetos que não foram para frente, o que torna tudo ainda mais fantástico. Confesso que teve momentos que não me senti muito conectado ao filme, há momentos dispersos, mas isso não tira a genialidade da narrativa e nem o fato de ser um filme muito bom como experiência visual também. Não estou familiarizado com a obra do diretor, acho que eu teria aproveitado mais se conhecesse seu estilo antes de ver este. Adorei as músicas que tocam no filme. É um filme sensorial, com uma história bem comum, mas contada de um jeito completamente diferente. A vida é cruel, mas segue sempre em frente.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

A FRATERNIDADE É VERMELHA

Título Original: Trois Couleurs: Rouge
Diretor: Krzysztof Kieslowski
Ano: 1994
País de Origem: França
Duração: 99min
Nota: 10

Sinopse: A modelo Valentine inesperadamente faz amizade com um juiz aposentado depois que ela atropela seu cachorro. A princípio, o homem mal-humorado não demonstra nenhuma preocupação com o cachorro, e ela decide ficar com ele. Mas os dois formam um vínculo quando ela retorna à casa e o pega ouvindo os telefonemas dos vizinhos.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Quando assisti a Trilogia das Cores do Kieslowski pela primeira vez, este era o meu favorito, agora ao reve mais de 15 anos depois confesso preferir o Liberdade é Azul devido a várias situações de luto que passei na minha vida desde então. O que não tira a genialidade deste filme, Irène Jacob sempre lindíssima e competente dividindo as cenas com o lendário Trintignant. O filme é mais profundo do que aparenta e acredito que é o que fala sobre coisas mais variadas de toda a trilogia: conectividade, solidão, empatia, envelhecimento e tantas outras coisas. Último filme de Kieslowski que veio a falecer de uma cirurgia do coração pouco tempo depois, foi um dos maiores.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

MADAME SATÃ

Título Original: Madame Satã
Diretor: Karim Aïnouz
Ano: 2002
País de Origem: Brasil
Duração: 100min
Nota: 9

Sinopse: Um retrato de João Francisco dos Santos, também conhecido como Madame Satã, transformista, amante, pai, herói e convicto do Rio de Janeiro.
 
Comentário: Indicado para os prêmios Câmera de Ouro e Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Por mais que eu adore Karim Aïnouz, um dos meus diretores brasileiros preferido, aqui quem brilha mais é o Lázaro Ramos. É o ator que faz o filme funcionar, é sua entrega total ao personagem que convence tudo e todos. A direção é mero detalhe. O trabalho de cenografia e figurino é o segundo grande ponto, parece que voltamos mesmo ao Rio de Janeiro da década de 30. Demora um pouco para engrenar, em determinados pontos parece que não vai para lugar nenhum e não vai mesmo, mas daí você vai tomando um choque de realidade, porque a vida é exatamente assim. É o realismo cru que contamina a gente quando assiste, é esse tapa na cara, essa coisa assustadora que é a vida, sem preto no branco e cheia de áreas cinzentas. O filme é um recorte da época, um recorde do personagem, apenas um recorte do todo.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O COWBOY E O FRANCÊS

Título Original: The Cowboy and the Frenchman
Diretor: David Lynch
Ano: 1988
País de Origem: EUA
Duração: 26min
Nota: 7

Sinopse: Um cowboy grisalho e com problemas de audição, Slim, e seus dois amigos, Dusty e Pete, capturam um francês misterioso e bem-vestido.
 
Comentário: Celebrando os seus 10 anos de existência, a revista francesa Figaro pediu para cinco diretores realizar um curta metragem para serem lançados no bicentenário da Revolução Francesa. A temática era os franceses visto por esses diretores. Além de Lynch, foram convidados Werner Herzog, Andrzej Wajda, Luigi Comencini e Jean-Luc Godard. Eu já havia assistido há muito tempo, reassisti recentemente no catálogo do Mubi. Em seu curta, Lynch vai para a comédia e cria um pastiche com estereótipos, tanto franceses quanto estadunidenses. A metade inicial funciona melhor, dá para dar boas risadas com a situação, o elenco afiadíssimo. Depois a coisa vai descambando um pouco para as coisas malucas do Lynch que eu adoro, mas que aqui parece não funcionar tão bem com o início. Vale a pena, é um bom curta, mas está longe de ser das obras memoráveis do mestre.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

OS POTEMKINISTAS

Título Original:
Diretor: Radu Jude
Ano: 2022
País de Origem: Romênia
Duração: min
Nota: 7

Sinopse: O curta escrito e dirigido por Radu Jude parte do gesto de desafio à Rússia feito em 1905 pelos marinheiros do cruzador Potemkin, que receberam asilo político na Romênia. Em 2021, um escultor (interpretado por Alexander Dabija) tenta fazer uma obra inspirada neste evento.
 
Comentário: Mais um curta que assisto deste incrível diretor, mas confesso que achei este o mais fraco dos que assisti até agora. É um filme bem específico sobre a mentalidade da Romênia e nem tanto sobre o fato acontecido em 1905. O diálogo é afiado, como sempre, e coloca nos dois personagens características políticas que reverberam a história da Romênia sob o julgo do stalinismo. Elucida bem sobre uma população que vive em uma corda bamba para não pender para a extrema direita como vários governos europeus atuais e que insiste em não estudar sua própria história sem entender que o comunismo não é Stalin. Conheço vários romenos e poloneses que criticam o comunismo por conta do que viveram, mas quando pergunto o que é o comunismo não me sabem dar nenhuma resposta. Também tenho amigos desses dois países que tem compreensão perfeita das coisas e conseguem entender o contexto histórico e separar uma coisa da outra. No fundo, hoje, vivemos em um cenário político onde pisamos em ovos para agradar uma massa ignorante.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

SEM OUTRA TERRA

Título Original: No Other Land
Diretores: Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal  & Rachel Szor
Ano: 2024
País de Origem: Palestina
Duração: 96min
Nota: 9

Sinopse: Um coletivo palestino-israelense mostra a destruição de Masafer Yatta, na Cisjordânia ocupada, por soldados israelenses e a aliança que se desenvolve entre o ativista palestino Basel e o jornalista israelense Yuval.
 
Comentário: Vencedor de melhor documentário no Festival de Berlim. Desnecessário dizer que é um filme extremamente necessário em meio ao genocídio perpetrado por Israel e seus aliados ocidentais. Para quem acompanha há tempos a situação da Palestina, muito antes da retaliação do Hamas, não fica nem um pouco surpreso com o que é mostrado aqui, lembro de receber em um grupo no Telegram praticamente ao vivo o dia em que eles cimentaram o poço de água das pessoas mostrado aqui neste documentário. É interessante como tudo foi feito por quatro pessoas (dois que aparecem de frente à câmera e outros dois nos bastidores). Me lembrou um pouco a maneira de se fazer cinema do Jafar Panahi, criando cenas para contar uma história em meio ao documentário. A pessoa que ainda não entendeu o que acontece por lá e insiste em defender Israel ou sofre de alguma deficiência cognitiva ou é mal caráter mesmo. Um dos melhores filmes de 2024.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

ABC ÁFRICA

Título Original: ABC África
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 2001
País de Origem: Uganda
Duração: 87min
Nota: 8

Sinopse: Dispondo de duas câmeras digitais, Kiarostami viaja para Uganda, país assolado pela crise da AIDS, para gravar um documentário sobre as milhares de crianças portadoras do vírus e os esforços (ou falta deles) em ajudá-las.
 
Comentário: Gravado a pedido do Fundo Internacional da ONU para o Desenvolvimento para que a crise que assolava Uganda conseguisse chamar mais atenção da comunidade internacional e assim obter mais recursos. O filme mostra o lado mais triste da sociedade que construímos, pois tudo o que acontece na África é reflexo dos séculos de exploração do continente. Trabalho com muitos africanos (principalmente da Nigéria, Eritreia, Etiópia, Sudão, Gana e Zimbábue)  e percebo que uma das piores coisas enraizadas neles é a lavagem cerebral religiosa que os europeus levaram para lá. Nesse filme é possível ver bem isso em um diálogo sobre a igreja não permitir o uso de camisinha. As cenas no hospital é avassaladora, porém, em um mundo onde assistimos a um genocídio em Gaza em tempo real pela internet, tudo parece não chocar tanto mais, e isto me faz indagar o quanto perdemos de nossa humanidade nos últimos anos. Ao pesquisar, parece que a situação de Uganda teve uma melhora a respeito do assunto, o país é referência hoje no combate ao HIV.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

ERASERHEAD

Título Original: Eraserhead
Diretor: David Lynch
Ano: 1977
País de Origem: EUA
Duração: 89min
Nota: 10

Sinopse: O pai de primeira viagem, Henry Spencer, tenta sobreviver ao ambiente industrial, à namorada furiosa e aos gritos insuportáveis ​​de seu filho mutante recém-nascido.
 
Comentário: Assisti na semana em que o mundo ficou mais triste com a partida do diretor, que é dos meus preferidos e uma grande referência desde que assisti ao Estrada Perdida no cinema. Tive o prazer de encontrá-lo pessoalmente uma vez. Eraserhead é um de seus melhores filmes, impressiona ainda mais por ser a estreia do diretor. Quando assisti a primeira vez o impacto foi fulminante. Lynch disse que escreveu o roteiro depois que sua filha, Jennifer, nasceu com um problema no pé, o que gerou vários sentimentos conflitantes. Jack Nance, que contribuiu em toda a filmografia do Lynch até seu falecimento em uma briga de bar, está perfeito no papel do esquisito Henry Spencer. Meio assustador ver como ele envelheceu rápido até fazer Twin Peaks, praticamente 10 anos depois. Lynch era um gênio, saber que não vou mais ver nenhum trabalho novo dele é das piores notícias sobre cinema que recebi na vida. Eraserhead é um de suas obras primas.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

L'APOLLONIDE: OS AMORES DA CASA DE TOLERÂNCIA

Título Original: L'Apollonide: Souvenirs de la Maison Close
Diretor: Bertrand Bonello
Ano: 2011
País de Origem: França
Duração: 125min
Nota: 9

Sinopse: Em um elegante bordel parisiense do século XX, há um mundo claustro de prazer, dor, esperança, rivalidades e, acima de tudo, escravidão.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Um filme com uma narrativa estranha, mas com uma mensagem incrível. O filme é profundo, mais fundo que o fundo do poço. É triste e avassalador. O diretor não tenta passar uma visão feminina da coisa toda, não, ele escancara a podridão do patriarcado e o sistema de escravidão da prostituição (que cabe tão bem na pornografia de um modo geral na sociedade moderna). As atrizes cativam, passam pela tela como pessoas reais, a construção de tudo é fantástica. A trilha sonora com The Mighty Hannibal é um ponto a mais. Fotografia, figurino e montagem de encher os olhos de tanta perfeição. Mas fica aqui minha menção a Alice Barnole, que interpreta Madeleine, que atriz maravilhosa, fiquei chocado que ela não tenha feito muitos outros filmes depois deste, era para chover papel para esta mulher.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

A SONATA FANTASMA

Título Original: Spöksonaten
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 2007
País de Origem: Suécia
Duração: 86min
Nota: 8

Sinopse: As aventuras de um jovem estudante que idealiza a vida dos habitantes de um elegante prédio de apartamentos em Estocolmo. Ele conhece o misterioso Jacob Hummel, que o ajuda a encontrar o caminho para o local, apenas para descobrir que é um ninho de traição e doença. No mundo, o aluno aprende, o inferno e os seres humanos devem sofrer para alcançar a salvação.
 
Comentário: Último trabalho do Bergman, foi uma peça que foi apresentada na televisão sueca. Novamente o diretor volta seus olhos para uma peça de August Strindberg, autor que estimulou e esteve sempre presente em toda a obra por décadas, soa até como uma força do destino que este tenha sido o canto do cisne de um dos maiores diretores da história do cinema. Das montagens que Bergman fez de Strindberg, acho que gostei mais deste mesmo, o elenco está bem entrosado, as cenas convidam ao telespectador a acompanhar com mais atenção. O desfecho é muito rápido e um tanto estranho, talvez rápido demais. Finalizo aqui todos os mais de cinquenta filmes do mestre que assisti ao longo dos últimos anos, muitos dos quais devo revisitar no futuro. Apesar de nada conhecido, este último trabalho serve como um ótimo desfecho de tudo, vale a conferida.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

PHOENIX

Título Original: Phoenix
Diretor: Christian Petzold
Ano: 2014
País de Origem: Alemanha
Duração: 98min
Nota: 7

Sinopse: A cantora de cabaré judia alemã Nelly sobreviveu a Auschwitz, mas teve que passar por uma cirurgia reconstrutiva porque seu rosto ficou desfigurado. Sem reconhecer Nelly, seu ex-marido Johnny pede que ela o ajude a reivindicar a herança de sua esposa. Para ver se ele a traiu, ela concorda, tornando-se sua própria sósia.
 
Comentário: Petzold é um dos meus diretores contemporâneos preferido, todos os filmes dele que eu tinha visto até aqui são obras de arte da mais alta qualidade, mas confesso que este é o mais fraco dos que vi, não que seja ruim, muito longe disto, mas faltou algo. O desfecho é simplesmente maravilhoso e o grande ponto alto do filme, mas o meio parece tudo meio preso em um limbo. Phoenix é o nome do bar em que ela encontra o marido pela primeira vez depois de sair do campo de concentração, mas também remete ao pássaro mítico que renasce das cinzas e do fogo, o que faz todo o sentido dentro da narrativa. É um filme acima da média, que funciona ao seu propósito, mas que fica uma pontinha de decepção única e exclusivamente porque todo os outros filmes recentes do diretor beiram a perfeição.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

EU SEI QUE VOU TE AMAR

Título Original: Eu Sei Que Vou Te Amar
Diretor: Arnaldo Jabor
Ano: 1986
País de Origem: Brasil
Duração: 102min
Nota: 9

Sinopse: Um jovem casal recém-separado se encontra na casa onde viviam juntos e começam a discutir seu relacionamento anterior.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro e vencedor do Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Depois que nossa Fernanda Torres ganhou o prêmio no Globo de Ouro me toquei que nunca tinha visto ao filme que ela havia faturado em Cannes. Resolvi tirar ele da fila e não me arrependi nem um pouco. O filme é maravilhoso e me trouxe vários gatilhos de relacionamentos passados, e achei excelente como a narrativa muda a todo momento do drama para o trágico e para a comédia. Ambos os atores estão sensacionais, se entregam demais, os diálogos são como facas. Única coisa que me incomodou foram coisas pontuais que se identifica a impressão digital do Jabor, pensamentos burgueses e conservadores travestidos de descolados. Mas o fato do diretor ser uma das pessoas mais desprezíveis da mídia brasileira das últimas décadas, estranhamente isto não afeta em nada ao filme, que continua maravilhosamente bem  quase 40 anos depois. Vale muito a assistida. E Fernanda Torres é gigante!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

UMA ALEGORIA URBANA

Título Original: Allégorie Citadine
Diretores: Alice Rohrwacher & JR
Ano: 2024
País de Origem: França
Duração: 21min
Nota: 10

Sinopse: Uma bailarina está atrasada para um teste para um espetáculo inspirado na Alegoria da Caverna de Platão. Ela chega com seu filho de sete anos, Jay, e implora ao diretor que lhe dê uma chance.
 
Comentário: Depois de realizarem o excelente curta Homilia Camponesa na itália, os diretores se reúnem aqui para filmar esta peça de arte nas ruas de Paris. Alice Rohrwacher é um dos grandes nomes do cinema italiano atual e JR vem chamando a atenção na França onde tem no currículo até um trabalho com a lendária Agnès Varda. Tudo aqui é pura arte, é dança, é movimento, é crítica social, é lindo demais! Não lembro de um curta que diz tanto falando tão pouco. A parte técnica é perfeita, há tomadas incríveis. O minimalismo e os cenários estéreis e cinzentos que vivemos hoje vem me incomodando demais ultimamente e ao assistir este sentimento teve um grande impacto em mim. De quebra ainda podemos ver o Leos Carax fazendo uma ponta.